Por Maayan Lubell e Nidal al-Mughrabi e David Ljunggren
OTTAWA/JERUSALÉM, 30 Jul (Reuters) - O Canadá planeja reconhecer o Estado da Palestina em uma reunião da Organização das Nações Unidas em setembro, anunciou o primeiro-ministro Mark Carney nesta quarta-feira, aumentando a pressão sobre Israel à medida que a fome se espalha em Gaza.
O anúncio foi feito depois que a França disse, na semana passada, que reconhecerá um Estado palestino e um dia depois que o Reino Unido disse que reconhecerá o Estado na reunião da Assembleia Geral da ONU em setembro, caso os combates em Gaza, parte dos territórios palestinos ocupados por Israel, não parassem até lá.
Carney disse aos repórteres que a realidade no local, incluindo a fome das pessoas em Gaza, significava que "a perspectiva de um Estado palestino está literalmente recuando diante de nossos olhos".
"O Canadá condena o fato de o governo israelense ter permitido que uma catástrofe se desenrolasse em Gaza", disse ele.
Carney disse que o planejado reconhecimento foi baseado em parte nas repetidas garantias da Autoridade Palestina, que representa o Estado da Palestina na ONU, de que estava reformando sua governança e que está disposta a realizar eleições gerais em 2026, nas quais o Hamas "não pode desempenhar nenhum papel".
Os anúncios feitos por alguns dos aliados mais próximos de Israel refletem a crescente indignação internacional em relação às restrições impostas por Israel aos alimentos e a outros tipos de ajuda a Gaza em sua guerra contra os militantes do Hamas e a terrível crise humanitária no local. Um monitor global de fome alertou que o pior cenário de fome está se desenrolando no enclave.
O Ministério da Saúde de Gaza relatou mais sete mortes relacionadas à fome nesta quarta-feira, incluindo uma menina de dois anos com um problema de saúde já existente. O escritório de mídia do governo do Hamas em Gaza disse que os militares israelenses mataram pelo menos 50 pessoas em três horas nesta quarta-feira, quando elas tentavam obter alimentos dos caminhões de ajuda da ONU que chegavam ao norte da Faixa de Gaza.
Israel e seu aliado mais próximo, os EUA, rejeitaram as declarações de Carney.
"A mudança de posição do governo canadense neste momento é uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e uma estrutura para a libertação dos reféns", disse o Ministério das Relações Exteriores de Israel em um comunicado. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez comentários semelhantes após os anúncios da França e da Reino Unido.
Uma autoridade da Casa Branca, falando sob condição de anonimato, disse que o presidente Donald Trump também vê o reconhecimento do Estado da Palestina como uma "recompensa ao Hamas" equivocada.
O Estado da Palestina é um estado observador não membro da Assembleia Geral da ONU desde 2012, reconhecido por mais de três quartos dos 193 estados membros da assembleia.
((Tradução Redação São Paulo))
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