LONDRES, 30 Jul (Reuters) - O Reino Unido rejeitou nesta quarta-feira as críticas de que estava recompensando o grupo militante Hamas ao estabelecer planos para reconhecer um Estado palestino, a menos que Israel tome medidas para melhorar a situação em Gaza e promover a paz.
A visão de crianças emaciadas em Gaza chocou o mundo nos últimos dias e, na terça-feira, um monitor de fome alertou que o pior cenário de fome estava se desenrolando no local e que era necessária uma ação imediata para evitar a morte generalizada.
O ultimato do primeiro-ministro Keir Starmer, que estabeleceu um prazo de setembro para Israel, provocou uma repreensão imediata de seu homólogo em Jerusalém, que disse que isso recompensava o Hamas e punia as vítimas de seu ataque transfronteiriço de 2023.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não achava que o Hamas "deveria ser recompensado" com o reconhecimento da independência palestina.
Questionada sobre essa crítica, a ministra dos Transportes, Heidi Alexander -- designada pelo governo para responder a perguntas em uma série de entrevistas à mídia na quarta-feira -- afirmou que essa não era a maneira correta de caracterizar o plano do Reino Unido.
"Isso não é uma recompensa para o Hamas. O Hamas é uma organização terrorista vil que cometeu atrocidades terríveis. Trata-se do povo palestino. Trata-se das crianças que vemos em Gaza e que estão morrendo de fome", disse ela à rádio LBC.
"Temos que aumentar a pressão sobre o governo israelense para que as restrições sejam suspensas e a ajuda volte a Gaza."
A França anunciou na semana passada que reconheceria a condição de Estado palestino em setembro.
Sucessivos governos britânicos afirmaram que reconheceriam um Estado palestino quando fosse mais eficaz fazê-lo.
Em um discurso televisionado na terça-feira, Starmer disse que esse momento havia chegado, destacando o sofrimento em Gaza e dizendo que a perspectiva de uma solução de dois Estados -- um Estado palestino coexistindo em paz ao lado de Israel -- estava ameaçada.
Starmer afirmou que o Reino Unido efetivará a iniciativa na Assembleia Geral da ONU em setembro, a menos que Israel tome medidas substanciais para permitir a entrada de mais ajuda em Gaza, deixe claro que não haverá anexação da Cisjordânia e se comprometa com um processo de paz de longo prazo que proporcione uma solução de dois Estados.
(Reportagem de William James e Muvija M)
((Tradução Redação São Paulo))
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