Por Jana Winter e Sami Marshak
WASHINGTON/NOVA YORK, 29 Jul (Reuters) - As câmeras do número 345 da Park Avenue sinalizaram a aproximação de um atirador na segunda-feira como uma ameaça em potencial que exigia atenção imediata, segundos antes de ele irromper no saguão do arranha-céu de escritórios e começar a atirar, de acordo com duas ex-autoridades federais familiarizadas com os sistemas de segurança dos edifícios de Nova York.
Um quadro estático de uma filmagem de CCTV obtida pela Reuters e registrada às 18h26min52s (horário de Nova York) -- pouco mais de um minuto antes de a polícia receber a primeira chamada de emergência sobre o ataque -- mostra um homem segurando um rifle de assalto ao seu lado. Uma caixa amarela brilhante gerada por computador ao redor dele na imagem indica o uso de um software que analisa as transmissões de vídeo ao vivo em busca de ameaças que exijam ação imediata, disseram as ex-autoridades federais.
Os detalhes sobre o sistema, que não foram relatados anteriormente, levantam questões sobre se o atirador poderia ter sido impedido antes de seu ataque, disseram as autoridades. A Rudin Management, empresa imobiliária proprietária da torre, não quis comentar sobre o sistema de câmeras e se ele provocou alguma ação imediata da equipe de segurança.
A polícia identificou o atirador como Shane Tamura, 27 anos, morador de Las Vegas com histórico de doença mental. Ele matou dois agentes de segurança, incluindo um policial que trabalhava em um serviço de segurança pago, um funcionário da Rudin e um executivo de uma empresa de investimentos antes de tirar a própria vida.
A caixa amarela que cercava o atirador enquanto ele caminhava em direção à entrada tinha o objetivo de alertar os guardas no balcão de segurança da frente, disseram os ex-funcionários.
Michael Dorn, diretor executivo da Safe Havens International, que orienta as escolas sobre como se proteger de atiradores ativos, disse que, mesmo com esse sistema de vídeo em funcionamento, a ameaça ainda precisa ser transmitida imediatamente aos ocupantes do edifício pela equipe de segurança.
"Não é possível automatizar isso", disse Dorn, ex-conselheiro antiterrorismo do Departamento de Segurança Interna da Geórgia e especialista em eventos com vítimas em massa.
Os especialistas disseram que alguns sistemas permitem que os guardas de segurança iniciem um bloqueio imediato de portas externas, elevadores e outros pontos de acesso.
Matthew Dumpert, líder global de gerenciamento de risco de segurança empresarial da empresa de consultoria financeira e de risco Kroll, disse que o ataque -- o ataque a tiros mais mortal da cidade em décadas -- fez com que os clientes telefonassem com perguntas sobre como se proteger de ataques semelhantes. A reação é uma reminiscência das consequências do assassinato, em dezembro, do executivo da United Healthcare, Brian Thompson, em Manhattan, quando várias empresas reforçaram a proteção dos executivos em resposta.
"São necessários recursos significativos, alarmes para notificar as pessoas, treinamento para reconhecê-los, elementos de segurança física, como cadeados para trancar as instalações e impedir que alguém tenha livre acesso às instalações", disse Dumpert.
Glen Kucera, presidente da Allied Universal, uma empresa de segurança global, também estava recebendo ligações de clientes nesta terça-feira.
"A única maneira de evitar isso era manter o atirador do lado de fora, o que é muito difícil", disse Kucera, acrescentando que estava claro que o atirador pretendia causar danos e não sobreviver ao encontro, o que o tornava o tipo de ameaça mais difícil de deter.
Os sistemas de segurança do 345 Park Avenue eram típicos de escritórios de alto padrão em Nova York, de acordo com Dave Komendat, consultor sênior de segurança da empresa de mitigação de riscos International SOS.
Embora o lobby seja aberto ao público, como na maioria dos edifícios, os visitantes fazem o check-in nas mesas de segurança para acessar os elevadores, que ficam atrás de catracas. Os escritórios da Rudin, onde o atirador se matou, têm banheiros que funcionam como salas seguras à prova de balas, o que provavelmente salvou vidas, disse o prefeito Eric Adams.
Várias empresas implementaram segurança reforçada para o resto da semana após o tiroteio, incluindo guardas adicionais, de acordo com a Partnership for New York City, que representa mais de 300 bancos, firmas de investimento e outras empresas na cidade.
((Tradução Redação São Paulo))
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