Por Lananh Nguyen e Doina Chiacu e Brendan O'Brien
NOVA YORK, 29 Jul (Reuters) - O homem que matou quatro pessoas com um fuzil semiautomático enquanto atacava uma torre de escritórios em Midtown Manhattan carregava consigo um bilhete no qual parecia culpar a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL, em inglês) por sua doença cerebral degenerativa, disse nesta terça-feira o prefeito de Nova York, Eric Adams.
A polícia identificou o atirador como Shane Tamura, de 27 anos, morador de Las Vegas, com histórico de doença mental. Tamura matou dois agentes de segurança e dois funcionários de empresas do edifício antes de encerrar o massacre da noite de segunda-feira atirando no próprio peito no 33º andar da torre de escritórios da Park Avenue. Foi o tiroteio em massa mais fatal na cidade de Nova York em um quarto de século.
A NFL tem sede no arranha-céu ao lado de grandes empresas financeiras, mas Tamura aparentemente entrou no elevador errado e acabou nos escritórios da Rudin Management, empresa imobiliária proprietária do edifício, onde matou um funcionário, disse o prefeito.
"O bilhete fazia alusão ao fato de que ele achava que tinha CTE, lesão cerebral conhecida entre aqueles que praticam esportes de contato", disse Adams à CBS News. "Ele parece ter culpado a NFL por sua lesão."
A Encefalopatia Traumática Crônica (CTE, em inglês) é uma doença cerebral grave, sem tratamento conhecido, que pode ser causada por pancadas repetidas na cabeça durante a prática de esportes de contato. Ela tem sido associada à agressividade e à demência.
A NFL pagou mais de US$1 bilhão para encerar processos relacionados a concussões com milhares de jogadores aposentados após a morte de jogadores de alto nível na principal liga profissional de futebol americano.
Tamura nunca foi um jogador da NFL, mas registros online mostram que ele jogou futebol americano na escola durante o ensino médio na Califórnia e foi um jogador do time do colégio em uma escola charter de Los Angeles até se formar em 2016, de acordo com bancos de dados esportivos escolares.
O bilhete encontrado em sua carteira dizia que a carreira dele no futebol americano havia sido interrompida por uma lesão cerebral e que a NFL não havia feito o suficiente para tratar do CTE no esporte, informou a Bloomberg News.
Um ex-treinador, Walter Roby, disse à Fox News que Tamura era um "quieto e trabalhava duro" e um de seus "melhores jogadores ofensivos" durante o ano em que passou no time da Granada Hills Charter School.
MEDO E CHOQUE
A empresa de capital privado Blackstone BX.N, que também tem sua sede na torre, disse que Wesley LePatner, um executivo sênior que supervisionava algumas das operações imobiliárias, estava entre os mortos por Tamura. Outros funcionários da Blackstone ficaram feridos e foram levados ao hospital.
O arranha-céu estava fechado para funcionários nesta terça-feira, assim como alguns de seus edifícios vizinhos, embora a maior parte da Park Avenue estivesse funcionando normalmente.
"Já estive nos escritórios da Blackstone várias vezes, então é um evento realmente assustador", disse Zoe Fields, de 32 anos, diretora associada de uma empresa de investimentos de Boston que estava em Nova York para reuniões nesta terça-feira em uma torre próxima à Park Avenue.
O tiroteio ocorre após o assassinato, no ano passado, de um executivo da UnitedHealth do lado de fora de um hotel a cerca de três quadras da Park Avenue.
Segundo a polícia, assim que Tamura entrou no saguão, ele se virou para a direita e atirou fatalmente em um policial do Departamento de Polícia de Nova York, Didarul Islam, de 36 anos, que veio de Bangladesh e estava na polícia há três anos. Islam fazia parte da equipe de segurança do prédio, segundo a polícia.
Islam tem dois filhos pequenos, de acordo com seu primo Mizanul Haque, em sua cidade natal, na região de Sylhet, em Bangladesh. Horas antes do assassinato, Islam havia "rido e conversado como sempre" com seu primo no aplicativo de mensagens WhatsApp.
"Quando ouvi a notícia, senti como se o céu tivesse caído sobre mim", disse Haque à Reuters.
Tamura então atirou em um segurança que estava em uma mesa no saguão. O guarda foi identificado por seu sindicato 32BJ SEIU em um comunicado como Aland Etienne. Ele era "um agente de segurança dedicado que levava seus deveres de trabalho extremamente a sério".
Tamura também matou LePatner antes de pegar o elevador e sair nos escritórios da Rudin.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que seu "coração está com as famílias das quatro pessoas que foram mortas, incluindo o policial de Nova York, que fez o sacrifício supremo".
Um funcionário da NFL também foi ferido e estava em condição estável em um hospital, de acordo com um memorando enviado pelo comissário da NFL, Roger Goodell, à equipe da liga.
Goodell escreveu que foi planejada "maior presença de segurança" para os escritórios da liga "nos próximos dias e semanas". Um porta-voz da NFL não respondeu às perguntas sobre os motivos relatados pelo atirador.
(Reportagens de Jonathan Allen e Lananh Nguyen em Nova York, Doina Chiacu em Washington, Ruma Paul em Dhaka, Bangaladesh, e Brendan O'Brien em Chicago; reportagens adicionais de Svea Herbst, Amy Tennery, Daniel Fastenberg, Kanishka Singh, Brad Brooks e Ismail Shakil)
((Tradução Redação Brasília))
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