Por Steve Holland e Matt Spetalnick
WASHINGTON, 22 Jul (Reuters) - O presidente Donald Trump acusou o ex-presidente Barack Obama de "traição" nesta terça-feira, culpando-o, sem fornecer provas, por liderar um esforço para ligá-lo falsamente à Rússia e prejudicar sua campanha presidencial de 2016.
Embora tenha frequentemente atacado Obama pelo nome, desde que retornou ao cargo o presidente republicano não havia ido tão longe ao ponto de apontar o dedo para o antecessor democrata com alegações de ação criminosa.
Um porta-voz de Obama não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Durante os comentários no Salão Oval, Trump aproveitou declarações de sua chefe de inteligência, Tulsi Gabbard, na sexta-feira, em que ameaçou encaminhar funcionários do governo Obama ao Departamento de Justiça para uma avaliação da inteligência sobre a interferência russa na eleição de 2016.
Ela retirou o sigilo de documentos e disse que tais informações mostrariam uma "conspiração traiçoeira" em 2016 por altos funcionários do governo Obama para prejudicar Trump.
"Está lá, ele é culpado. Isso foi traição", disse Trump nesta terça-feira. "Eles tentaram roubar a eleição, tentaram ofuscar a eleição. Fizeram coisas que ninguém jamais imaginou, mesmo em outros países."
Uma avaliação feita pela comunidade de inteligência dos EUA em 2017 concluiu que a Rússia, usando a desinformação nas mídias sociais, hacking e robôs russos, procurou prejudicar a campanha da democrata Hillary Clinton e apoiar Trump. A avaliação determinou que o impacto real provavelmente foi limitado e não mostrou evidências de que os esforços de Moscou realmente alteraram os resultados das votações.
Um relatório bipartidário de 2020 do comitê de inteligência do Senado apontou que a Rússia usou o agente político republicano Paul Manafort, o site WikiLeaks e outros para tentar influenciar a eleição de 2016 e ajudar a campanha de Trump.
TRUMP SOB PRESSÃO
Trump frequentemente denuncia as avaliações como "farsa" e nos últimos dias repostou em sua conta do Truth Social um vídeo falso mostrando Obama sendo algemado no Salão Oval.
O republicano tem procurado desviar a atenção para outras questões após sofrer pressão de sua base conservadora para divulgar mais informações sobre Jeffrey Epstein, que se suicidou em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
Defensores de teorias da conspiração sobre Epstein pediram a Trump, que conviveu com o financista durante a década de 1990 e início dos anos 2000, que divulgasse os arquivos de investigação relacionados ao caso.
Questionado no Salão Oval sobre Epstein, Trump rapidamente passou a atacar Obama e Clinton.
"A caça às bruxas sobre a qual vocês deveriam estar falando é que eles pegaram o presidente Obama absolutamente frio", disse Trump. "O que eles fizeram com este país, começando em 2016, mas indo até 2020 e a eleição, e eles tentaram manipular a eleição, e foram pegos, e deveria haver consequências muito severas para isso."
Trump sugeriu que seriam tomadas medidas contra Obama e seus ex-funcionários.
"É hora de começar, depois do que eles fizeram comigo, e seja certo ou errado, é hora de ir atrás das pessoas. Obama foi pego diretamente", disse.
(Reportagem de Steve Holland e Matt Spetalnick)
((Tradução Redação Brasília))
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