Independência é "ADN dos bancos centrais", afirma Presidente do Bundesbank

Por Maria Martinez

DURBAN, África do Sul, 17 Jul (Reuters) - O chefe do Bundesbank, da Alemanha, alertou, esta quinta-feira, contra a interferência na independência dos bancos centrais, após a renovação dos ataques do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Presidente da Reserva Federal, Jerome Powell.

"A independência dos bancos centrais é o DNA dos bancos centrais", disse o Presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, à Reuters, numa entrevista à margem de uma reunião do G20 em Durban, na África do Sul.

"Portanto, acredito que é perigoso brincar com a independência de um banco central".

Trump repreende regularmente o chefe do banco central dos Estados Unidos por não baixar as taxas de juro. A Bloomberg noticiou, na quarta-feira, que Trump provavelmente iria demitir Powell. E embora o Presidente tenha dito que a notícia não era verdadeira, confirmou que havia sugeriu a ideia de demitir Powell em conversas com deputados republicanos.

A notícia e as declarações de Trump agitaram os mercados, provocando uma queda das acções e do dólar e uma subida das 'yields' do Tesouro.

Nagel disse esperar que a administração Trump chegue à conclusão de que a retórica e as acções que põem em causa a capacidade continuada da Fed para tomar decisões livres de influência política não são úteis.

"Nas últimas décadas, toda a gente aprendeu a importância de ter bancos centrais independentes que façam o que é necessário para garantir a estabilidade dos preços", disse Nagel. "Isto deve ser compreendido, especialmente do outro lado do Atlântico".

O banqueiro central alemão referiu que os primeiros seis meses deste ano não foram um período fácil para o dólar norte-americano devido à incerteza criada pela nova administração.

Em contrapartida, a Europa oferece um ambiente mais seguro para os investimentos, afirmou.

"Acredito que pode ser visto como uma espécie de janela de novas oportunidades para a Europa, sendo um investidor de fora", disse Nagel, acrescentando que os países europeus devem ser mais auto-confiantes sobre os seus pontos fortes.

Texto integral em inglês: nL8N3TE0RF