Por Patricia Zengerle e Bo Erickson
WASHINGTON, 15 Jul (Reuters) - O Senado dos Estados Unidos começará a votar, já nesta terça-feira, o pedido do presidente Donald Trump para cortar US$9,4 bilhões em gastos com ajuda externa e emissoras públicas, despesas que haviam previamente sido aprovadas pelo Congresso, o mais recente teste do controle de Trump sobre seus colegas republicanos.
O senador John Thune, da Dakota do Sul, líder da maioria republicana no Senado, disse que espera que as primeiras votações regimentais ocorram na terça-feira, mas não sabia se tinha votos suficientes para que a medida fosse aprovada sem emendas.
"Não sei a resposta para isso neste momento. Recebemos muitos comentários. E sei que há pessoas que gostariam de ver pelo menos algumas mudanças modestas na medida", disse Thune aos repórteres.
O Senado tem até sexta-feira para agir sobre o pacote -- um pedido para recuperar US$8,3 bilhões em verbas de ajuda externa e US$1,1 bilhão usado em emissoras públicas -- ou o pedido expirará e a Casa Branca será obrigada a aderir aos planos de gastos aprovados pelo Congresso.
Os valores em jogo são pequenos no contexto do extenso orçamento federal, que totalizou US$6,8 trilhões no ano fiscal encerrado em 30 de setembro. No entanto, eles provocaram a ira dos democratas e de alguns republicanos, que veem uma tentativa de reduzir a autoridade do Congresso sobre os gastos.
Os democratas dizem que os programas na mira de Trump são iniciativas de ajuda externa. Isso inclui o apoio à saúde de mulheres e crianças e a luta contra o HIV/Aids, programas que há muito tempo têm forte apoio bipartidário. Os democratas também se opõem ao corte de fundos para apoiar as emissoras públicas que consideram essenciais para as comunicações nas áreas rurais.
"O que está acontecendo aqui? Alguém se opõe a esses cortes horríveis, horríveis, que prejudicam o povo americano?", disse o senador Charles Schumer, de Nova York, o líder democrata no Senado, em comentários na abertura da sessão da Casa na segunda-feira.
Trump ameaçou não dar seu apoio eleitoral a qualquer membro do Congresso que não votar a favor da medida sem alterações.
Pacotes deste tipo não são aprovados há anos, com os congressistas relutantes em ceder seu controle constitucionalmente obrigatório dos gastos do governo. Durante o primeiro mandato de Trump em 2018, os membros do Congresso rejeitaram o pedido para revogar US$15 bilhões em gastos.
Os republicanos de Trump detêm uma maioria estreita no Senado e na Câmara. Até o momento, eles têm demonstrado pouco apetite para se opor às suas políticas.
Na segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, da Louisiana, disse que esperava que o Senado concedesse o pedido completo de Trump. "Acho que é preciso respeitar o pedido da Casa Branca. Foi isso que fizemos, então espero que seja isso que recebamos de volta."
A legislação de rescisão foi aprovada na Câmara por 214 a 212 no mês passado. Quatro republicanos se juntaram a 208 democratas que votaram contra.
(Reportagem de Patricia Zengerle e Bo Erickson; Reportagem adicional de David Morgan)
((Tradução Redação São Paulo))
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