Por Philip Blenkinsop e Hyunjoo Jin
BRUXELAS/SEUL, 14 Jul (Reuters) - A União Europeia e a Coreia do Sul disseram nesta segunda-feira que estão trabalhando em acordos comerciais com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para amenizar o impacto das tarifas iminentes, já que Washington ameaça impor taxas pesadas a partir de 1º de agosto.
Trump intensificou sua guerra comercial no sábado ao dizer que vai impor uma tarifa de 30% sobre a maioria das importações da UE e do México a partir do próximo mês, acrescentando alertas semelhantes para outros países, incluindo as potências econômicas asiáticas Japão e Coreia do Sul.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse no domingo que as ofertas de acordos comerciais dos países até o momento não satisfizeram Trump e que "as tarifas são reais" se não houver melhorias em suas propostas.
"O presidente acredita que os acordos precisam ser melhores", disse Hassett ao programa This Week, da ABC. "E para determinar um limite, ele enviou essas cartas e veremos como isso vai funcionar."
O Comissário Europeu de Comércio, Maros Sefcovic, expressou otimismo de que Washington e a UE estão se aproximando de um resultado positivo para ambos os lados. No entanto, ele alertou que uma tarifa de 30% praticamente eliminaria o comércio entre os EUA e o bloco de 27 nações, que atualmente são os maiores parceiros comerciais um do outro.
"Continuamos a interagir com o governo dos EUA e a priorizar uma solução negociada até o novo prazo de 1º de agosto. Não consigo imaginar que nos afastemos sem nenhum esforço", disse Sefcovic antes de uma reunião com os ministros do Comércio da UE em Bruxelas.
O chanceler alemão Friedrich Merz, por sua vez, alertou no domingo sobre o impacto de uma tarifa desse nível sobre a maior economia da UE.
"Se isso acontecer, teríamos que adiar grande parte de nossos esforços de política econômica, pois isso interferiria em tudo e atingiria em cheio o setor de exportação alemão", disse Merz.
Até o momento, a UE não tomou medidas retaliatórias para evitar uma escalada na guerra comercial, enquanto ainda há uma chance de negociar um resultado melhor.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse que a UE já preparou uma lista de tarifas no valor de 21 bilhões de euros (US$24,5 bilhões) sobre os produtos norte-americanos caso os dois lados não cheguem a um acordo comercial.
CORRIDA POR ACORDOS
A proximidade do prazo final de 1º de agosto desencadeou uma corrida dos governos de todo o mundo para fechar acordos comerciais.
O principal enviado comercial da Coreia do Sul disse nesta segunda-feira que pode ser possível fechar um acordo "em princípio" até o prazo final e sinalizou que Seul pode estar aberto a permitir que os EUA tenham maior acesso a seus mercados agrícolas, informou a mídia local.
O ministro do Comércio, Yeo Han-koo, que manteve conversações com autoridades norte-americanas na semana passada, disse que a Coreia do Sul está tentando evitar tarifas "injustas" dos EUA em setores fundamentais, o que prejudicaria a cooperação industrial com seu principal aliado de segurança e parceiro comercial, segundo a mídia.
"Acredito que é possível chegar a um acordo em princípio nas negociações tarifárias com os EUA e, em seguida, levar algum tempo para negociar mais", disse Yeo a repórteres locais segundo a agência de notícias Newsis.
"Vinte dias não são suficientes para chegar a um tratado perfeito que contenha todos os detalhes", acrescentou.
A Coreia do Sul enfrenta a possibilidade de uma tarifa de 25% sobre suas exportações, o mesmo valor para o Japão.
(Reportagem adicional de Milan Strahm, Cristina Carlevaro, David Lawder, John Revill, Andreas Rinke, Wayne Cole e Emma Rumney)
((Tradução Redação São Paulo))
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