
Por Tim Cocks
JOANESBURGO, 10 Jul (Reuters) - Alguns países mais pobres atingidos por cortes no financiamento voltado para HIV/Aids de doadores ricos aumentaram seus próprios gastos em resposta, mas não o suficiente para compensar as enormes perdas de pessoal e as quedas no uso de medicamentos preventivos, disse o Unaids nesta quinta-feira.
Em seu relatório anual para 2025, lançado na África do Sul, a agência também reiterou que, se os cortes do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, no programa de HIV dos Estados Unidos seguirem permanentes, poderá haver mais 6 milhões de infecções e mais 4 milhões de mortes até 2029.
O corte repentino de Trump no financiamento do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (PEPFAR, na sigla em inglês) colocou em desordem a resposta global ao HIV/Aids.
Embora muitos países ainda tenham medicamentos antirretrovirais suficientes para salvar vidas, as clínicas voltadas para grupos vulneráveis, como homens gays, profissionais do sexo e meninas adolescentes, fecharam devido à falta de pessoal remunerado, e programas de prevenção praticamente desapareceram.
"A prevenção foi mais afetada do que o tratamento. Populações-chave foram as mais afetadas... elas dependiam de serviços personalizados prestados por líderes comunitários, e esses foram os primeiros a desaparecer", disse Winnie Byanyima, diretora executiva do Unaids, à Reuters em uma entrevista em Joanesburgo.
Ela disse que, mesmo antes dos cortes de Trump, doadores, principalmente países europeus, estavam reduzindo a assistência ao desenvolvimento.
"Eles nos disseram que isso tem a ver com os gastos com defesa", disse ela, acrescentando que números mostraram que "os (gastos com) saúde global atingiram o pico e depois também começaram a diminuir com a guerra da Ucrânia".
Enquanto isso, o próprio Unaids está reduzindo o número de funcionários de 661 para 294, disse um porta-voz à Reuters por email.
O relatório do Unaids disse que 25 dos 60 países de baixa e média renda aumentaram os gastos com HIV em seus orçamentos domésticos em cerca de 8%.
"Isso é promissor, mas não é suficiente para substituir a escala de financiamento internacional em países que são altamente dependentes", disse o relatório.
Até o final de 2024, as infecções haviam sido reduzidas em 40% e as mortes relacionadas à Aids em mais da metade em relação aos níveis de 2010, segundo o relatório, mas ainda houve 1,3 milhão de novas infecções somente naquele ano.
((Tradução Redação Brasília))
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