Por Luc Cohen e Jack Queen
NOVA YORK, 30 Jun (Reuters) - O juiz que supervisiona o julgamento de Sean "Diddy" Combs por tráfico sexual disse nesta segunda-feira que lembraria os jurados de sua obrigação de deliberar e seguir suas instruções sobre a lei, depois que o júri avisou que um dos jurados do painel de 12 membros poderia não ser capaz de seguir as orientações do juiz.
O juiz distrital Arun Subramanian leu a nota em voz alta no tribunal federal de Manhattan cerca de duas horas depois que o júri começou a deliberar.
"Temos um jurado, o de número 25, que nos preocupa por não conseguir seguir as instruções de Vossa Excelência", dizia a nota.
A nota não detalhava quais instruções o jurado não pôde seguir. Os jurados são anônimos, o que não é a norma em julgamentos criminais nos EUA, mas é comum em casos de grande visibilidade nos quais os jurados podem sofrer assédio ou ameaças.
Depois de discutir a nota com os promotores e advogados de defesa, Subramanian disse que enviaria uma nota de volta ao júri lembrando-os de suas obrigações, mas que não tomaria nenhuma outra medida por enquanto.
O jurado número 25 se descreveu durante a seleção do júri em 5 de maio como um veterinário de 51 anos que mora em Manhattan com sua companheira, uma fabricante gráfica autônoma. O jurado disse que tem doutorado em biologia molecular e neurociência e que gosta de documentários sobre a natureza, ópera e caminhadas.
Combs, de 55 anos, se declarou inocente de conspiração para extorsão e de duas acusações de tráfico sexual e transporte para prostituição. Ex-bilionário conhecido por elevar o hip-hop na cultura norte-americana, Combs pode ser condenado à prisão perpétua se for condenado por todas as cinco acusações.
Ao longo de mais de seis semanas de depoimentos, duas ex-namoradas de Combs -- a cantora de rhythm and blues Casandra "Cassie" Ventura e uma mulher conhecida no tribunal pelo pseudônimo de Jane -- disseram aos jurados que ele as forçou a participar de performances com acompanhantes masculinos pagos, às vezes conhecidas como "Freak Offs", enquanto ele observava, masturbava-se e ocasionalmente filmava.
Ambas as mulheres testemunharam que Combs as espancava, e os jurados viram um vídeo de vigilância de hotel que mostrava Combs atacando Ventura em um corredor em 2016.
"Cassie disse repetidamente que a violência do réu estava na mente dela sempre que ele propunha um Freak Off", afirmou a promotora Christy Slavik em seu argumento final na quinta-feira. "O objetivo era controlar Cassie, fazer com que ela tivesse medo de dizer não ao réu. E funcionou."
Os advogados de Combs reconheceram que ele às vezes era violento nas relações domésticas, mas argumentaram que Ventura e Jane participavam consensualmente das performances. Durante o interrogatório, a defesa destacou as mensagens de texto carinhosas e sexualmente explícitas que as mulheres enviaram a Combs ao longo de seus relacionamentos de anos com ele.
"Se ele fosse acusado de violência doméstica, não estaríamos aqui", disse o advogado de defesa Marc Agnifilo durante seu argumento final na sexta-feira. "Ele não fez as coisas das quais é acusado."
Fundador da Bad Boy Records, Combs levava um estilo de vida luxuoso em suas mansões em Miami e Los Angeles e foi homenageado por transformar artistas como Notorious B.I.G. e Usher em estrelas.
Ele está detido em uma penitenciária federal no Brooklyn desde sua prisão em setembro de 2024.
((Tradução Redação São Paulo))
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