Panetta, do BCE, diz que UE é vítima de esforços dos EUA para distanciar Rússia da China

MILÃO, 18 Jun (Reuters) - A postura comercial "conflituosa" dos Estados Unidos em relação à Europa é uma consequência dos esforços norte-americanos para dar à Rússia um lugar nos fóruns internacionais e enfraquecer seus laços com a China, disse o formulador de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) Fabio Panetta nesta quarta-feira.

Panetta, que é membro do conselho do BCE, disse em uma conferência estudantil em Milão acreditar que a União Europeia está pagando o preço por ter assumido uma posição firme contra a Rússia em função da guerra na Ucrânia.

Na tentativa de limitar a influência internacional da China, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, está pronto para sacrificar seus laços históricos com a Europa, afirmou ele.

As sanções ocidentais contra a Rússia fortaleceram os laços de Moscou com a China nos últimos anos.

Panetta disse na conferência Young Factor em Milão que os EUA veem a aliança da Rússia com a China como uma ameaça muito grande.

"Seria extremamente difícil competir com o poder industrial, tecnológico e financeiro da China se isso for combinado com os recursos naturais da Rússia", afirmou Panetta.

"Portanto, acredito que o objetivo do presidente Trump é devolver à Rússia sua legitimidade internacional, por assim dizer... Se esse é o plano, então a área econômica que mais se opôs à invasão da Ucrânia pela Rússia, ou seja, a União Europeia, é seu pior inimigo", disse ele.

Panetta afirmou ainda que a diferença entre a média das tarifas aplicadas pela UE aos produtos norte-americanos e a média das tarifas dos EUA sobre os produtos do bloco econômico é pequena, e que a questão pode ser facilmente resolvida.

"Mas se a UE for o obstáculo, já que Washington busca distanciar a Rússia e a China, isso pode explicar a atitude agressiva em relação a um parceiro comercial", disse ele.

(Por Valentina Za)

((Tradução Redação Brasília))

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