Por Kate Holton e Alistair Smout
LONDRES, 10 Jun (Reuters) - As negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China se estendiam pelo segundo dia nesta terça-feira em Londres, enquanto as duas superpotências pressionam por um avanço nos controles de exportação de terras raras e outros produtos que ameaçaram desfazer uma delicada trégua tarifária.
Um porta-voz do Tesouro dos EUA disse a repórteres que as negociações haviam sido interrompidas para um intervalo, e seriam retomadas por volta das 16:00 (horário de Brasília). Não havia detalhes disponíveis imediatamente sobre as reuniões, que se estenderam por mais de cinco horas após um dia inteiro na segunda-feira.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse nesta terça-feira que as discussões com autoridades econômicas sênior chinesas estavam indo bem, repetindo o tom otimista do presidente dos EUA, Donald Trump.
"(As conversas se estenderam) durante todo o dia de ontem, e minha expectativa é de que continuem durante todo o dia de hoje", disse Lutnick aos repórteres. "Elas estão indo bem, e estamos passando muito tempo juntos."
Uma autoridades da Casa Branca também disse que as negociações comerciais entre os EUA e a China estavam indo "bem", mas se recusou a fornecer detalhes.
Tendo concordado em se afastar de um embargo comercial total em uma primeira rodada de negociações em Genebra, em maio, os dois lados estão agora buscando um acordo depois de se acusarem mutuamente de tentar estrangular cadeias de suprimentos com uma série de controles de exportação.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse na segunda-feira que os EUA provavelmente concordariam em suspender os controles de exportação de alguns semicondutores em troca de a China acelerar a entrega de terras raras.
A divergência sobre terras raras, que gerou alarme nas salas de reuniões e nos chãos de fábrica em todo o mundo, ocorreu após o acordo preliminar do mês passado em Genebra para reduzir as tarifas, o que aliviou temores de investidores de que uma guerra comercial levará a uma desaceleração global.
TUMULTO POR TARIFAS
A política frequentemente errática de Trump em relação às tarifas tem agitado os mercados globais, provocado congestionamento e confusão nos principais portos e custado às empresas dezenas de bilhões de dólares em vendas perdidas e custos mais altos.
A segunda rodada de negociações entre os EUA e a China, que se seguiu a uma rara ligação telefônica entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping na semana passada, ocorre em um momento crucial para ambas as economias.
Dados alfandegários publicados na segunda-feira mostraram que as exportações da China para os EUA caíram 34,5% em maio, a maior queda desde a eclosão da pandemia da Covid-19.
Embora o impacto sobre a inflação e o mercado de trabalho dos EUA tenha sido discreto até o momento, as tarifas afetaram a confiança das empresas e das famílias norte-americanas e o dólar continua sob pressão.
As negociações foram conduzidas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, e pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, com o contingente chinês liderado pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng.
As negociações duraram quase sete horas na segunda-feira e foram retomadas por volta das 6h (horário de Brasília) desta terça-feira, com a expectativa de que ambos os lados divulguem atualizações no dia.
A inclusão de Lutnick, cuja agência supervisiona os controles de exportação para os EUA, indica o quanto as terras raras se tornaram uma questão central. Ele não participou das negociações em Genebra, quando os países fecharam um acordo de 90 dias para reverter algumas das tarifas de três dígitos que haviam imposto um ao outro.
A China detém quase o monopólio de terras raras, componentes cruciais para os motores de veículos elétricos, e sua decisão, em abril, de suspender as exportações de uma ampla gama de minerais essenciais abalou as cadeias de suprimentos globais.
((Tradução Redação São Paulo))
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