ESTOCOLMO, 26 Mai (Reuters) - A Volvo Cars VOLCARb.ST vai cortar 3.000 postos de trabalho, na sua maioria trabalhadores de escritórios, como parte de uma reestruturação anunciada no mês passado, numa altura em que se debate com custos elevados, abrandamento da procura de veículos eléctricos e incertezas comerciais, informou a empresa, esta segunda-feira.
Os despedimentos ocorrem num momento em que o construtor automóvel sueco tenta ressuscitar a cotação das suas acções que está em mínimos e melhorar a procura dos seus automóveis, reestruturando parte da sua actividade e reduzindo os custos.
O CEO Hakan Samuelsson, recentemente reconduzido no cargo após ter dirigido a empresa durante uma década até 2022, revelou, em Abril, um programa para reduzir os custos em 18 mil milhões de coroas suecas (1,9 mil milhões de dólares), incluindo um corte substancial no seu pessoal de escritórios, que representa 40% da sua força de trabalho.
"São funcionários de escritórios em quase todas as áreas, incluindo Investigação e Desenvolvimento, comunicação, recursos humanos", disse Samuelsson à Reuters, na sexta-feira. "Portanto, está em todo o lado e é uma redução considerável".
"Penso que será muito saudável, poupar-nos-á dinheiro e dará espaço para as pessoas assumirem responsabilidades maiores".
O novo CFO da Volvo Cars, Fredrik Hansson, disse à Reuters que, embora todos os departamentos e locais da empresa sejam afectados, a maioria dos despedimentos ocorrerá em Gotemburgo.
"Foi concebido para nos tornar estruturalmente mais eficientes e a forma como isso se processa pode variar um pouco consoante a área. Mas não ficará pedra sobre pedra", afirmou Hansson.
Os despedimentos representam cerca de 15% do pessoal de escritório da empresa, afirmou a Volvo Cars num comunicado, e implicarão um custo de reestruturação único de 1,5 mil milhões de coroas.
Com a maior parte da sua produção sediada na Europa e na China, a Volvo Cars está mais exposta às novas tarifas norte-americanas do que muitos dos seus rivais europeus, tendo dito que poderia tornar-se impossível exportar os seus carros mais acessíveis para os Estados Unidos.
A empresa afirmou, num comunicado de imprensa, que iria finalizar uma nova estrutura até ao Outono deste ano.
O grupo retirou a sua orientação financeira quando anunciou os seus cortes de custos no mês passado, apontando para mercados imprevisíveis por entre uma confiança mais fraca dos consumidores e tarifas comerciais que causam turbulência na indústria automóvel global.
Na sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre as importações da UE a partir de 1 de Junho, mas, esta segunda-feira, recuou nessa data, restabelecendo um prazo de 9 de Julho para permitir conversações entre Washington e Bruxelas.
As acções da Volvo Cars subiam 3,6% às 1339 TMG desta segunda-feira, com a maior parte da subida a ocorrer antes do anúncio do despedimento. No acumulado do ano, as acções da Volvo Cars ainda estão a cair 24%.
(1 dólar = 9,4829 coroas suecas)
Texto integral em inglês: nL5N3RY0I2