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Rumores após influenciadora do México ser morta em transmissão ao vivo culpam a própria vítima

Reuters17 de mai de 2025 às 00:16

Por Cassandra Garrison e Emily Green

- Assim que a influenciadora de beleza Valeria Márquez, de 23 anos, foi assassinada em uma transmissão ao vivo do TikTok, os rumores começaram a circular no México.

Comentários inundaram as redes sociais culpando-a pela própria morte, dizendo que ela estava envolvida em negócios obscuros, que seu ex-namorado era traficante e que ela "merecia".

Nesta sexta-feira a mídia e os políticos já estavam seguindo em frente, e Márquez parecia destinada a se tornar mais uma na longa lista de mulheres mexicanas cujo assassinato choca brevemente a população, para depois ficar em segundo plano até que o próximo crime hediondo aconteça.

"Isso reflete um nível de saturação, um nível de aceitação social desse tipo de assassinato", disse Gema Kloppe-Santamaria, socióloga da University College Cork, na Irlanda, que estuda a violência de gênero no México.

"Há muita revitimização que, na minha opinião, permite que as pessoas digam: 'Vamos seguir em frente. Isso é algo que não vai acontecer conosco. Não acontece com boas meninas. Não acontece com mulheres mexicanas decentes'."

Com quase 200 mil seguidores no Instagram e no TikTok, Márquez era conhecida por seus vídeos sobre beleza e maquiagem. Na terça-feira, ela segurava um bichinho de pelúcia e fazia uma transmissão ao vivo do salão de beleza onde trabalhava, no estado de Jalisco, quando uma voz masculina ao fundo perguntou: "E aí, Vale?"

"Sim", respondeu Márquez, pouco antes de o som da transmissão ao vivo ser silenciado.

Momentos depois, ela foi morta a tiros. Uma pessoa pegou seu telefone, e seu rosto apareceu brevemente na transmissão ao vivo antes de o vídeo terminar.

Quase imediatamente, a mídia local focou em um homem que identificaram como ex-namorado de Márquez. O homem, conforme a mídia, era um líder regional do Cartel Nova Geração de Jalisco, um dos cartéis de drogas mais notórios do México.

A mídia local compartilhou supostas mensagens de texto entre o casal que pareciam mostrar o ex-namorado ameaçando Márquez por ela o ter ignorado.

A Reuters não conseguiu verificar de forma independente a identidade do ex-namorado, nem contatá-lo para obter comentários. A família de Márquez não quis falar com a Reuters.

O promotor estadual de Jalisco, Salvador Gonzalez de los Santos, disse que o assassinato de Márquez está sendo investigado como um possível feminicídio -- o assassinato de mulheres ou meninas por razões de gênero --, mas se recusou a dizer se o ex-namorado de Márquez era suspeito.

"Qualquer pessoa associada a essa garota, sejam amigos, parentes, conhecidos ou namorados, está sendo investigada ou entrevistada", disse los Santos em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

INDIGNAÇÃO PASSA

Marquez é uma das inúmeras meninas e mulheres assassinadas, cujas mortes nos últimos anos desencadearam uma onda de indignação e protestos.

Entre elas estão Ingrid Escamilla, de 25 anos, que foi esfaqueada, esfolada e mutilada em 2020; Fatima Cecilia Aldrighett, de 7 anos, que no mesmo ano foi sequestrada na escola e seu corpo posteriormente encontrado embrulhado em um saco plástico; Debanhi Escobar, de 18 anos, que desapareceu na beira de uma rodovia em 2022 e cujo corpo foi encontrado em uma cisterna 13 dias depois.

O namorado de Escamilla foi condenado e sentenciado pelo assassinato. Duas pessoas foram recentemente sentenciadas no caso de Aldrighett. Já o caso de Escobar permanece sem solução, após uma investigação marcada por erros e pela demissão de dois promotores por "omissões e erros", segundo um comunicado do Ministério Público. Uma autópsia do governo alegou inicialmente que Escobar havia caído na cisterna, uma versão contrariada por duas autópsias subsequentes.

"Cada caso passa por um ciclo midiático e depois surge outro", disse Anayeli Perez, assessora jurídica do Observatório Nacional Cidadão sobre Feminicídio. "Isso fala de uma sociedade cujo tecido social está se desintegrando."

Em 2023, o México registrou 852 feminicídios, de acordo com o relatório mais recente da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe. O país tem a quarta maior taxa de feminicídios per capita da região, com Honduras, República Dominicana e Brasil com números ainda mais altos.

(Reportagem de Cassandra Garrison e Emily Green)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS FDC

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