Por Lisa Richwine
LOS ANGELES, 13 Mai (Reuters) - Três primas de Lyle e Erik Menendez testemunharam em um tribunal de Los Angeles nesta terça-feira em apoio à tentativa dos irmãos de serem libertados das penas de prisão perpétua que receberam pelos assassinatos de seus pais em Beverly Hills há 35 anos.
Os irmãos, agora com 57 e 54 anos, participaram dos procedimentos por meio de transmissão de vídeo ao vivo da prisão em San Diego durante o primeiro dia de uma audiência na qual a defesa busca uma nova sentença, seja para encurtar suas penas de prisão perpétua para o tempo já cumprido ou torná-los elegíveis para liberdade condicional.
O resultado pode depender de novas provas da defesa para reforçar as afirmações dos irmãos de que seu pai, executivo de uma gravadora e do setor de entretenimento, havia abusado sexualmente deles.
Os irmãos foram considerados culpados em 1996 por assassinato em primeiro grau e condenados a duas penas consecutivas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por terem matado a tiros seus pais, Jose e Kitty Menendez, em 20 de agosto de 1989, enquanto o casal assistia televisão na sala de estar de casa.
O ex-procurador distrital do condado de Los Angeles, George Gascon, solicitou uma nova sentença no outono passado, citando novas evidências de abuso sexual e o histórico limpo dos irmãos na prisão.
Gascon disse que a dupla havia pago sua dívida com a sociedade e deveria ser elegível para liberdade condicional de acordo com o estatuto para jovens infratores do Estado, já que eles tinham menos de 26 anos na época do crime. Lyle tinha 21 anos e Erik tinha 18.
Mas o sucessor de Gascon como promotor público, Nathan Hochman, se opôs à nova sentença após assumir o cargo no início deste ano, argumentando que os irmãos ainda não reconheceram ou aceitaram totalmente a responsabilidade pelos assassinatos.
SERES HUMANOS MILAGROSOS
Os primeiros depoimentos na audiência, que deve durar dois dias, concentraram-se mais em questões de redenção e reabilitação.
A prima de primeiro grau dos irmãos, Anamaria Baralt, de 54 anos, uma das principais defensoras de sua libertação, disse que os dois "estão universalmente perdoados" por todos em ambos os lados da família.
"Eles são homens diferentes dos meninos que eram quando cometeram esses crimes", testemunhou.
Duas outras primas, Tamara Lucero Goodell e Diana Hernandez, disseram que os irmãos deveriam ser reconhecidos por seu histórico exemplar atrás das grades, citando o trabalho de Lyle ao levar um projeto de embelezamento "Greenspace" para a prisão e o papel de Erik em cuidados paliativos para detentos.
"Eles são seres humanos milagrosamente maravilhosos nesse momento", testemunhou Hernandez.
Questionadas pelo advogado de defesa Mark Geragos, as três disseram ter certeza de que os irmãos jamais cometeriam outro crime violento. Mas, sob o interrogatório do promotor Habib Balian, todas elas reconheceram que teriam feito a mesma avaliação antes dos assassinatos.
A condenação dos irmãos em 1996 foi o ponto culminante do segundo de dois julgamentos altamente publicizados -- o primeiro terminou em um júri fechado -- que chamaram a atenção para os lados mais sombrios da riqueza e do privilégio.
Antes de serem presos, os irmãos alegaram ter voltado do cinema para casa e encontrado seus pais mortos por intrusos.
No julgamento, eles admitiram ter cometido os assassinatos, mas insistiram que o fizeram por medo de que seus pais estivessem prestes a matá-los, após anos de abuso sexual por parte do pai e de agressões emocionais por parte da mãe.
Os promotores argumentaram que os assassinatos foram friamente calculados e motivados pela ganância, pelo desejo dos irmãos de herdar a fortuna multimilionária dos pais.
O resultado da audiência da nova sentença pode depender de novas provas da defesa, incluindo uma carta que Erik supostamente escreveu a um familiar oito meses antes dos assassinatos, na qual ele descrevia o abuso sexual cometido pelo pai.
A defesa também aponta para as alegações de um membro da banda pop Menudo dos anos 80, que disse ter sido abusado por Jose Menendez.
As alegações foram destacadas em uma série documental de 2023 sobre o caso na Peacock, enquanto um drama da Netflix em nove partes e um documentário no outono passado também renovaram o interesse do público.
Geragos disse que planejava chamar 11 testemunhas ao todo para depor, mas não apresentaria o depoimento de nenhum dos dois irmãos.
(Reportagem de Lisa Richwine em Los Angeles; reportagem adicional de Steve Gorman em Los Angeles)
((Tradução Redação Brasília))
REUTERS MCM