Papa Leão já fez críticas a Trump e Vance; o MAGA não está gostando nada disso

Por Jeff Mason e Jasper Ward e James Oliphant

WASHINGTON, 8 Mai (Reuters) - Antes de se tornar pontífice, o primeiro papa nascido nos Estados Unidos não tinha vergonha de criticar o presidente Donald Trump e o vice-presidente JD Vance -- reflexões na mídia social que o levaram ao turbilhão da política dividida dos Estados Unidos nesta quinta-feira, quando assumiu a liderança global da Igreja Católica.

Escolhido pelos cardeais para suceder o falecido papa Francisco, o papa Leão 14 tem um punhado de postagens de desaprovação sobre as políticas dos líderes republicanos no X pelo perfil de Robert Prevost, seu nome antes de iniciar o pontificado.

Essas publicações foram criticadas nesta quinta-feira pelos apoiadores conservadores mais ferrenhos de Trump, incluindo a ativista Laura Loomer, mesmo quando o próprio presidente expressou orgulho por ter um norte-americano no comando do Vaticano.

"Ter o papa dos Estados Unidos da América é uma grande honra", disse Trump na Casa Branca. Questionado se iria se encontrar com Leão, Trump disse que "eles já ligaram".

Autoridades da Casa Branca não comentaram as críticas na conta de Prevost. Funcionários da Casa Branca comemoraram a eleição do primeiro papa nascido nos Estados Unidos quando a notícia chegou às telas de televisão.

Em fevereiro, Prevost republicou um artigo com o título "JD Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros".

Em abril, quando Trump teve uma reunião com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, para discutir o uso de uma prisão -- acusada de abrigar supostos abusos de direitos humanos -- para receber suspeitos de pertencerem a gangues deportados dos EUA, Prevost repostou um comentário que incluía: "Você não está vendo o sofrimento? Sua consciência não está perturbada?".

A Reuters não conseguiu verificar imediatamente quem operava a conta, que teve sua primeira postagem em 2011. A Reuters entrou em contato com o Vaticano, a Diocese Católica Romana de Chiclayo, no Peru, onde Prevost trabalhou por anos, e a Embaixada do Peru na Santa Sé para confirmar a autenticidade da conta, que tem o nome @drprevost e inclui publicações pedindo orações para o falecido papa Francisco em seus últimos meses.

A expectativa é que o papa Leão siga os passos de Francisco, um defensor dos pobres e dos imigrantes, que também teve suas diferenças com o governo Trump.

Vance minimizou essas diferenças depois de se reunir com Francisco no Vaticano no dia anterior à sua morte, mas elas eram substanciais. Francisco criticou as políticas de imigração de Trump, chamando-as de "desgraça".

Apoiadores do movimento Make America Great Again (MAGA) de Trump reagiram com desdém à nomeação de Leão.

"Ele é anti-Trump, anti-MAGA, pró-abertura de fronteiras e totalmente marxista como o papa Francisco", escreveu Loomer no X.

"Papa Leão 14: republicano de Chicago registrado e guerreiro pró-vida OU globalista de fronteiras abertas instalado para combater Trump?", escreveu o ativista de direita Charlie Kirk.

Vance, um católico, disse ter certeza de que milhões de católicos norte-americanos e outros cristãos rezariam pelo sucesso de Leão.

"Que Deus o abençoe!", escreveu Vance no X.

DIFERENÇAS POLÍTICAS

O novo papa compartilha algumas semelhanças políticas com a equipe de Trump. Ele se opõe ao aborto, assim como Trump e Vance.

Mas ele apoia o combate à mudança climática, de acordo com uma postagem pedindo aos seguidores que assinassem uma petição católica sobre o clima. Trump retirou os EUA do acordo climático de Paris que combate o aquecimento global.

O pontífice também se manifestou contra o racismo. No auge do movimento de justiça racial de 2020 que varreu o mundo após o assassinato pela polícia de George Floyd, um homem negro, Prevost retuitou uma série de publicações em sua conta do Twitter, pedindo a erradicação do preconceito e do ódio.

"Precisamos ouvir mais dos líderes da Igreja para rejeitar o racismo e buscar justiça", escreveu em um post de 30 de maio de 2020.

(Reportagem de Jeff Mason, Jasper Ward e James Oliphant; reportagem adicional de Steve Holland, Andrea Shalal, Rachael Kennedy e Kat Stafford)

((Tradução Redação Brasília))

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