Por Jody Godoy
30 Abr (Reuters) - O Google seria desencorajado a investir em tecnologia de mecanismos de busca caso a proposta de autoridades antitruste, que obriga a empresa a compartilhar dados com rivais, tenham sucesso, afirmou o presidente-executivo da companhia, Sundar Pichai, nesta quarta-feira durante julgamento em Washington.
Pichai está depondo em defesa do Google, unidade da Alphabet GOOGL.O, contra propostas do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) que incluem, entre outras medidas, a venda do navegador Chrome como forma de aumentar a concorrência entre provedores de busca online.
As exigências de que a empresa compartilhe seu índice de busca e dados de consultas são "extraordinárias" e equivalem a uma "alienação de facto de nossa propriedade intelectual relacionada à busca", afirmou Pichai.
"Seria trivial fazer engenharia reversa e efetivamente construir a pesquisa do Google por fora", disse.
Isso tornaria "inviável continuar investindo em P&D como temos feito nas últimas duas décadas", acrescentou.
O desfecho do caso pode remodelar fundamentalmente a internet, potencialmente desbancando o Google como o principal portal de acesso à informação online.
O DOJ, junto a uma ampla coalizão de procuradores-gerais estaduais, tem pressionado por medidas que restaurariam a concorrência, mesmo com a evolução das buscas se sobrepondo a produtos de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT. Os promotores temem que o domínio do Google nas buscas se estenda também à IA.
O juiz distrital Amit Mehta decidiu no ano passado que o Google "não tem concorrente real". A companhia manteve seu monopólio, em parte, pagando bilhões de dólares a empresas como Apple AAPL.O, Samsung, AT&T T.N e Verizon VZ.N para ser o mecanismo de busca padrão em novos dispositivos móveis, segundo o juiz.
O DOJ quer que o juiz ponha um fim a esses pagamentos e obrigue o Google a compartilhar dados de busca com concorrentes.
O Google argumenta que tais propostas dariam vazão ao seu trabalho árduo, colocariam em risco a privacidade dos usuários e ameaçariam empresas menores, como a Mozilla, desenvolvedora do navegador Firefox, que dependem do Google para obter receita.
(Reportagem de Jody Godoy em Nova York)
((Tradução Redação São Paulo))
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