BRUXELAS, 29 Abr (Reuters) - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, convidou nesta terça-feira cientistas e pesquisadores de todo o mundo a fazer da Europa o seu lar, já que o governo Trump ameaça cortar o financiamento federal para Harvard e outras universidades norte-americanas.
Elas têm estado na mira do governo, principalmente pela forma como lidaram com as manifestações pró-palestinos contra a atual guerra de Israel em Gaza que agitaram os campi no ano passado, mas também por questões como programas DEI (relacionados à diversidade, equidade e inclusão), iniciativas climáticas e políticas para transgêneros.
"Debates polêmicos em universidades (europeias) são bem-vindos. Consideramos a liberdade de ciência e pesquisa fundamental", disse von der Leyen em Valência, no Congresso de 2025 do conservador Partido Popular Europeu, o maior do Parlamento da UE.
"Não apenas porque é um valor fundamental para nós, mas também porque é assim que a excelência e a inovação prosperam", disse ela.
"É por isso que a Europa está aberta aos melhores e mais brilhantes. É por isso que apresentaremos propostas para ajudá-los a 'Escolher a Europa'. Porque queremos que cientistas e pesquisadores de todo o mundo façam da Europa seu lar -- e que a Europa volte a ser o lar da inovação."
O cientista de Harvard, Donald Ingber, disse no início deste mês que sabia de candidatos a pós-doutorado que estão agora recusando cargos de pesquisa nos EUA previamente aceitos por medo de viver nos Estados Unidos como estrangeiros. Eles estão se voltando para a China ou para a Europa para realizar seu trabalho.
Durante o discurso, von der Leyen procurou contrastar a União Europeia de 27 nações com os EUA, promovendo-a como um modelo de comércio internacional justo e baseado em regras.
Após semanas de ameaças, Trump anunciou em 2 de abril uma série de amplas "tarifas recíprocas" sobre produtos importados para os Estados Unidos da maioria dos outros países. Essas tarifas incluíam um imposto de 20% sobre as importações da União Europeia, mais tarde reduzido para 10%, de acordo com o que ele chamou de pausa de 90 dias.
A política tarifária do governo Trump -- que, segundo ele, tem como objetivo combater práticas comerciais injustas e reorientar a produção industrial -- causou um grande impacto nas empresas, forçando muitas delas a cortar gastos, interrompendo as cadeias de suprimentos e dificultando o planejamento para além do prazo imediato.
"Os mercados globais estão abalados pela imprevisível política tarifária do governo dos EUA. As tarifas dos EUA sobre o resto do mundo estão em seu nível mais alto em um século", disse von der Leyen.
"Mas em toda crise há também uma oportunidade ... Agora o mundo do comércio está se voltando para nós ... Todos querem negociar conosco. Porque somos justos, confiáveis e cumprimos as regras. Portanto, vamos manter o curso, com a cabeça fria e unidos. Porque é assim que somos. Esse é o modo europeu de comércio."
(Reportagem de Benoit Van Overstraeten)
((Tradução Redação Brasília))
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