Por David Lawder e Andrea Shalal
WASHINGTON, 29 Abr (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinará um decreto concedendo às montadoras que fabricam veículos no país um alívio de parte de suas novas tarifas de 25% sobre automóveis a fim de dar-lhes tempo para levar as cadeias de fornecimento de peças ao país, disse o secretário de Comércio, Howard Lutnick, nesta terça-feira.
As montadoras receberão créditos de até 15% do valor dos veículos montados nos EUA, que poderão ser aplicados contra o valor das peças importadas, disse Lutnick a repórteres.
Os automóveis e as peças sujeitos às tarifas de 25% da Seção 232 não estarão mais sujeitos a outras taxas impostas por Trump, incluindo as de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, bem como as tarifas de 10% aplicadas à maioria dos outros países.
Trump viaja para Michigan nesta terça-feira para marcar seus primeiros 100 dias no cargo, durante os quais o presidente republicano derrubou a ordem econômica global.
Suavizar o impacto das taxas sobre automóveis é a mais recente medida de seu governo para mostrar flexibilidade em relação às tarifas, que causaram turbulência nos mercados financeiros, criaram incertezas para as empresas e provocaram temores de uma forte desaceleração econômica.
Na segunda-feira, as montadoras disseram que esperavam que Trump garantisse um alívio para as tarifas automotivas antes de sua viagem a Michigan, sede de montadoras e de mais de 1.000 grandes fornecedores automotivos.
A presidente-executiva da General Motors GM.N, Mary Barra, e o presidente-executivo da Ford F.N, Jim Farley, elogiaram as mudanças planejadas.
"Acreditamos que a liderança do presidente está ajudando a nivelar o campo de atuação de empresas como a GM e nos permitindo investir ainda mais na economia dos EUA", disse Barra.
Farley afirmou que as mudanças "ajudarão a mitigar o impacto das tarifas sobre as montadoras, fornecedores e consumidores".
Mas a incerteza desencadeada em todo o setor automobilístico pelas tarifas de Trump permanecia nesta terça-feira, quando a GM retirou sua previsão anual, mesmo tendo relatado fortes vendas e lucros trimestrais.
Em um movimento incomum, a montadora também optou por adiar uma teleconferência programada com analistas para o final da semana, depois que os detalhes das mudanças tarifárias fossem conhecidos.
Na semana passada, uma coalizão de grupos da indústria automobilística dos EUA pediu a Trump que não impusesse tarifas de 25% sobre autopeças importadas, alertando que elas reduziriam as vendas de veículos e aumentariam os preços.
Anteriormente, Trump havia dito que planejava impor tarifas de 25% sobre autopeças até o dia 3 de maio.
"As tarifas sobre autopeças vão desorganizar a cadeia de oferta automotiva global e desencadear um efeito dominó que levará ao aumento dos preços dos automóveis para os consumidores, à redução das vendas nas concessionárias e tornará a manutenção e o reparo dos veículos mais caros e menos previsíveis", disseram os grupos do setor na carta.
A carta dos grupos que representam a GM, Toyota Motor, Volkswagen VOWG.DE, Hyundai 005380.KS e outros foi enviada ao representante de Comércio dos EUA Jamieson Greer, ao Secretário do Tesouro Scott Bessent e a Lutnick.
(Reportagem adicional de Jeff Mason e David Shepardson)
((Tradução Redação São Paulo))
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