Por Roberto Samora
SÃO PAULO, 25 Abr (Reuters) - A mineradora Vale VALE3.SA avalia que não existe razão, do ponto de vista da oferta e demanda global, para o preço do minério de ferro se distanciar do nível atual de US$100 por tonelada, pois não há crescimento relevante da produção e do consumo no mundo, disse o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Marcelo Bacci, nesta sexta-feira.
Em entrevista a jornalistas, o executivo da mineradora ponderou que a companhia, uma das maiores produtoras globais da commodity, vê mercado do produto bastante estável, apesar de guerra comercial.
Mais cedo, executivos da mineradora tinham comentado em conferência com investidores e analistas, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre na véspera, que seria cedo para falar sobre impactos das disputas comerciais para os preços do minério de ferro, diante das incertezas.
"O que acontecer na China vai ser relevante, os estímulos, se vierem, serão interessantes para nós, mas o fato é que por enquanto a demanda na China e outros clientes continua muito firme e não temos impacto até agora (da guerra comercial"), disse o executivo.
Bacci afirmou que a demanda de minério de ferro da China, maior consumidor global, "continua bastante sólida", com impulso do setor de bens industriais.
Representante da companhia afirmou ainda a jornalistas que, como a Vale é uma produtora de minério de ferro de baixo custo, não perderia demanda em uma potencial queda de consumo, e outras empresas menos competitivas sofreriam antes.
O patamar de preços de US$100/tonelada é bastante "saudável" para a mineradora brasileira, ele agregou.
A Vale não acredita em análises que apontam preço em torno de US$85, uma vez que em um patamar de US$90/tonelada, um percentual expressivo de produção deixaria o mercado.
Ainda assim, a companhia está reiterando esforço para reduzir custos e aumentar eficiência em conjuntura de guerra comercial.
Conforme Bacci, a grande preocupação da Vale no momento é eventual aumento de preços de mercadorias que levem a uma queda de consumo global, mas este cenário "mais grave" para guerra comercial ainda não aconteceu.
Executivos citaram ainda que a Vale, em termos de qualidade e conteúdo de minério de ferro, tem um portfólio bem flexível para atender clientes que lidam com margens menores. Nesta conjuntura, a companhia está lançando um produto em Carajás, principal polo da mineradora.
Clientes da Vale na China, contudo, consideram que não há perspectiva de redução de demanda por minério de ferro no país asiático, avaliou o executivo.
A mineradora informou na quinta-feira que seu lucro líquido caiu 17% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, quando preços mais baixos do minério de ferro ofuscaram ganhos com maiores vendas e redução de custos.