Por Parisa Hafezi e John Irish
DUBAI/PARIS, 24 Abr (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse nesta quinta-feira que estava pronto para viajar para a Europa para conversações sobre o programa nuclear de Teerã, com a França indicando que as potências europeias também estavam prontas para o diálogo se o governo iraniano demonstrasse estar seriamente engajado.
O Irã está tentando aproveitar o impulso das negociações nucleares com os Estados Unidos, que foram retomadas em Omã no sábado e após as conversas com a Rússia e a China no início desta semana. Sua aproximação com as potências europeias que fazem parte de um acordo nuclear de 2015 sugere que Teerã está mantendo suas opções em aberto.
Desde setembro, Teerã e as três potências europeias, conhecidas como E3, já realizaram várias rodadas de discussões sobre seus laços e a questão nuclear.
As mais recentes, em março, foram realizadas em nível técnico, analisando os parâmetros de um futuro acordo para garantir a reversão do programa nuclear em troca do levantamento das sanções.
Diplomatas europeus afirmaram que estavam buscando uma nova reunião com o Irã, embora isso tenha sido interrompido quando Teerã iniciou conversas indiretas sobre seu programa nuclear com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, neste mês.
Trump, que abandonou o pacto de 2015 entre Teerã e as potências mundiais durante seu primeiro mandato em 2018, tem ameaçado atacar o Irã, a menos que ele chegue rapidamente a um novo acordo que o impeça de desenvolver uma arma nuclear.
A terceira rodada de negociações deve ser realizada no sábado em Omã.
"As relações do Irã com o E3... passaram por altos e baixos na história recente. Querendo ou não, atualmente elas estão em baixa", escreveu Araqchi no X.
"Mais uma vez, proponho a diplomacia. Após minhas recentes consultas em Moscou e Pequim, estou pronto para dar o primeiro passo com visitas a Paris, Berlim e Londres... A bola agora está no lado do E3"
As potências europeias, que expressaram preocupação sobre sua coordenação com Washington, viram seus laços com o Irã piorarem em relação a outras questões, incluindo seu programa de mísseis balísticos, detenção de cidadãos estrangeiros e apoio à Rússia na guerra na Ucrânia.
Quando perguntado sobre os comentários de Araqchi, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Lemoine, disse que o E3 favorecia o diálogo, mas queria ver a seriedade do Irã.
"A única solução é uma solução diplomática e o Irã deve se engajar resolutamente nesse caminho e essa é uma proposta que o E3 apresentou muitas vezes, portanto, continuaremos o diálogo com os iranianos", disse ele em uma coletiva de imprensa.
((Tradução Redação São Paulo))
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