Trump diz a Putin que "PARE" após ataques russos matarem 12 pessoas em Kiev

Por Yurii Kovalenko

KIEV, 24 Abr (Reuters) - A Rússia bombardeou Kiev com mísseis e drones durante a noite, matando pelo menos 12 pessoas no maior ataque à capital ucraniana este ano e atraindo uma rara condenação do presidente dos EUA, Donald Trump, que disse a Vladimir Putin: "Vladimir, PARE!"

Trump disse aos repórteres na Casa Branca que seu governo estava aplicando "muita pressão" sobre a Rússia e reiterou seu descontentamento com o ataque.

Mas ele disse que houve um progresso significativo nas negociações de paz e que o Kremlin fez uma "concessão bastante grande" ao se mostrar aberto a "parar a guerra, parar de tomar todo o país".

"Os próximos dias serão muito importantes. As reuniões estão ocorrendo neste momento", disse Trump. "Acho que vamos fazer um acordo... Acho que estamos chegando muito perto."

O presidente acrescentou mais tarde que Washington também estava pressionando Kiev.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na mesma coletiva de imprensa que novas discussões estavam planejadas para o fim de semana, e que os EUA querem ver tanto a Ucrânia quanto a Rússia se esforçarem para finalizar um acordo.

Após conversas com Trump em Washington, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse nesta quinta-feira que Kiev estava trabalhando duro para chegar a um acordo. "Acho que há algo na mesa agora, onde os ucranianos estão realmente jogando bola, e acho que a bola está claramente no campo russo agora", disse ele a repórteres.

O ataque a Kiev, que o presidente dos Estados Unidos afirmou não ser "necessário" e ter sido realizado em um "momento muito ruim", enquanto ele pressiona pela paz, feriu 90 pessoas, destruiu prédios e provocou incêndios, segundo autoridades ucranianas. Algumas pessoas ainda estavam presas sob os escombros mais de 12 horas depois.

O ataque ocorre em um momento crítico da guerra da Rússia na Ucrânia, que começou com a invasão em grande escala de Moscou em 2022. Tanto Kiev quanto Moscou estão tentando mostrar a Trump que estão progredindo em direção a um acordo de paz rápido.

"Não estou feliz com os ataques russos em Kiev. Não é necessário, e o momento é muito ruim. Vladimir, PARE! Estão morrendo 5.000 soldados por semana. Vamos concluir o acordo de paz!", disse Trump no Truth Social, referindo-se ao presidente russo.

A Casa Branca ameaçou abandonar seus esforços se não houver progresso em breve. Trump repreendeu Zelenskiy na quarta-feira por causa de um comentário no qual o ucraniano repetiu que Kiev não reconheceria a ocupação da Crimeia pela Rússia.

Trump tem usado um tom mais gentil em suas declarações sobre Putin do que com Zelenskiy, a quem ele se referiu em determinado momento como um "ditador". O enviado especial de Trump deve se encontrar com Putin na sexta-feira para mais conversas, disse uma autoridade dos EUA.

Rubio decidiu, no último momento, não participar das conversas entre autoridades norte-americanas, ucranianas e europeias em Londres, na quarta-feira, em meio à ira norte-americana sobre o comentário de Zelenskiy a respeito da Crimeia. Trump disse nesta quinta-feira que seria muito difícil para a Ucrânia recuperar a Crimeia.

As conversações em Londres prosseguiram, embora em um formato rebaixado, e Zelenskiy disse nesta quinta que acreditava que uma proposta que surgiu das conversações estava agora com Trump.

Zelenskiy, que interrompeu uma viagem à África do Sul na quinta-feira após o ataque russo, declarou que não vê sinais de que Washington está exercendo forte pressão sobre a Rússia.

Perguntado por um repórter se ele achava que Putin ouviria seu apelo para interromper os ataques com mísseis, Trump disse: "Eu acho".

TELEFONES CELULARES TOCAM SOB OS ESCOMBROS

As equipes de resgate trabalhavam em 13 locais em Kiev com especialistas em escalada e cães farejadores, disseram os serviços de emergência. Quarenta incêndios foram deflagrados.

"Ouvimos telefones celulares tocando sob os escombros. A busca continuará até que fique claro que todos foram resgatados", disse.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que realizou o que descreveu como um ataque maciço durante a noite contra o complexo militar-industrial da Ucrânia, usando armas de alta precisão de longo alcance e drones aéreos, terrestres e marítimos.

Tymur Tkachenko, chefe da administração militar da cidade de Kiev, disse que houve 12 mortos.

"A sirene de ataque aéreo tocou, não tivemos tempo nem de nos vestir para sair do apartamento. Houve uma explosão atrás da outra, todas as janelas, portas e paredes foram explodidas, meu marido e meu filho foram jogados para o outro lado", disse Viktoria Bakal, moradora de Kiev.

Zelenskiy disse no X que a Rússia usou um míssil balístico norte-coreano no ataque, citando informações preliminares. Uma fonte militar ucraniana disse mais cedo à Reuters que um prédio residencial no distrito de Sviatoshynskyi, a oeste do centro de Kiev, foi atingido por um míssil balístico norte-coreano KN-23 (KN-23A).

A Rússia lançou 145 drones e 70 mísseis, incluindo 11 mísseis balísticos, no ataque noturno, informou a Força Aérea da Ucrânia no Telegram. As unidades da Força Aérea abateram 112 alvos.

O ministro do Interior, Ihor Klymenko, disse que, além de Kiev e da região circundante, sete outras regiões estavam sob ataque "em massa". Foram registrados danos na cidade de Kharkiv, no nordeste do país, a segunda maior da Ucrânia, na região de Zhytomyr, a oeste de Kiev, e na cidade industrial de Pavlohrad, que fica na região central de Dnipropetrovsk.

(Reportagem de Yuliia Dysa, Ron Popeski e Anna Pruchnicka)

((Tradução Redação São Paulo))

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