24 Abr (Reuters) - Rússia e Ucrânia trocaram novas farpas sobre os esforços de paz vacilantes, nesta quinta-feira, com Moscou acusando o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy de bloquear a diplomacia e Kiev dizendo que o presidente russo Vladimir Putin quer que a guerra continue.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que deixará de tentar negociar um acordo para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia se Kiev e Moscou não fizerem um acordo em breve.
O controle da Crimeia, apreendida e anexada pela Rússia em 2014, surgiu como um dos principais pontos de atrito entre Moscou e Kiev, e Zelenskiy irritou Trump ao reiterar na terça-feira que não reconheceria a península como parte da Rússia.
Trump escreveu nas redes sociais na quarta-feira que a Crimeia foi perdida há anos "e nem sequer é um ponto de discussão".
Questionado sobre essa observação na quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a posição de Trump "corresponde completamente ao nosso entendimento e ao que temos dito há muito tempo".
Peskov afirmou que a Rússia continua a trabalhar com os norte-americanos para chegar a um acordo de paz que garanta que os interesses de Moscou sejam levados em consideração.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse em uma reunião separada que estava ficando mais claro a cada minuto que Zelenskiy não tem capacidade de negociar um acordo para acabar com a guerra.
Ela o acusou de inviabilizar as negociações sobre a Ucrânia na quarta-feira em Londres, envolvendo autoridades norte-americanas, ucranianas e europeias, e disse que o líder ucraniano estava claramente pronto para "torpedear o processo de paz emergente a qualquer custo".
"Ontem, Zelenskiy se recusou categoricamente a fazer quaisquer concessões", disse Zakharova, "e expressou de forma demonstrativa seu desejo de negociar apenas um cessar-fogo -- e mesmo assim em seus próprios termos."
A Ucrânia afirma que quer uma paz justa e que a Rússia está arrastando as negociações e tentando ganhar tempo para conquistar mais terras ucranianas, além do território que já possui na Crimeia e em quatro regiões do leste ucraniano.
As autoridades ucranianas intensificaram suas críticas após um ataque russo com mísseis e drones durante a noite em Kiev, que matou pelo menos oito pessoas.
"As exigências maximalistas russas de ontem para que a Ucrânia se retire de suas regiões, combinadas com esses ataques brutais, mostram que a Rússia, e não a Ucrânia, é o obstáculo à paz", escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Syhiba, no X.
"Putin demonstra por meio de suas ações, e não de palavras, que ele não respeita nenhum esforço de paz e só quer continuar a guerra."
((Tradução Redação São Paulo))
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