Por Guy Faulconbridge e Pavel Polityuk
MOSCOU/KIEV, 20 Abr (Reuters) - A Rússia e a Ucrânia culparam uma à outra neste domingo por violar o cessar-fogo de um dia durante a Páscoa declarado pelo presidente Vladimir Putin, com ambos os lados acusando o outro de realizar centenas de ataques e o Kremlin dizendo que não havia ordem para extensão.
Putin, que enviou milhares de tropas russas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, ordenou que as forças russas "interrompessem todas as atividades militares" ao longo da linha de frente da guerra, que já dura três anos, até a meia-noite do horário de Moscou no domingo.
A agência de notícias TASS citou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmando que não havia nenhuma ordem de Putin para estender o cessar-fogo. "Não houve outras ordens", disse Peskov quando questionado se o cessar-fogo poderia ser prolongado, segundo a agência.
Em Washington, o Departamento de Estado disse que uma extensão do cessar-fogo seria bem-vinda.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse que as ações de Moscou nos próximos dias "revelarão a verdadeira atitude da Rússia em relação aos esforços de paz dos EUA" e ao cessar-fogo proposto de 30 dias.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Rússia estava fingindo respeitar o cessar-fogo da Páscoa, mas na verdade continuou com centenas de ataques de artilharia na noite de sábado, com mais ataques no domingo.
A Rússia lançou 67 ataques da meia-noite até as 20h, no horário local, escreveu Zelenskiy na plataforma de mídia social X.
"Ou Putin não tem controle total sobre seu exército ou a situação prova que, na Rússia, eles não têm intenção de fazer um movimento genuíno para acabar com a guerra e só estão interessados em uma cobertura de relações públicas favorável", publicou Zelenskiy.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que a Ucrânia havia quebrado o cessar-fogo mais de 1.000 vezes, causando danos à infraestrutura e provocando algumas mortes de civis.
O ministério disse que as forças ucranianas dispararam contra posições russas 444 vezes, enquanto contabilizou mais de 900 ataques de drones ucranianos, incluindo ataques à Crimeia e às áreas de fronteira russa das regiões de Bryansk, Kursk e Belgorod.
"Como resultado, há mortes e ferimentos entre a população civil, bem como danos a instalações civis", disse o ministério.
Militares ucranianos disseram no início do domingo que a atividade na linha de frente havia diminuído. Alguns blogueiros militares russos também disseram que a atividade na linha de frente havia diminuído substancialmente.
A Reuters não conseguiu verificar os relatos do campo de batalha de ambos os lados.
O aparente fracasso em respeitar até mesmo um cessar-fogo de Páscoa mostra como será difícil para o presidente dos EUA, Donald Trump, alcançar seu objetivo de fechar um acordo de paz duradouro.
Os EUA abandonarão os esforços para intermediar um acordo de paz, a menos que haja sinais claros de progresso em breve, disseram Trump e seu secretário de Estado, Marco Rubio, na última sexta-feira.
(Reportagem de Lidia Kelly em Melbourne; Pavel Polityuk em Kiev e Guy Faulconbridge e Vladimir Soldatkin em Moscou)
((Tradução Redação São Paulo))
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