Embraer diz que tarifas dos EUA trarão mais complexidade e custos

SÃO PAULO, 8 Abr (Reuters) - O presidente-executivo da Embraer EMBR3.SA, Francisco Gomes Neto, afirmou nesta terça-feira que as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, da forma que estão, trarão mais complexidade e custos para a empresa, embora o executivo não espere mudança de planos devido às sobretaxas.

"Essas tarifas, continuando desta forma, vão trazer mais complexidade e mais custos para as empresas, dentre elas a Embraer", afirmou o executivo ao participar do 11º Annual Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, em São Paulo. "A Embraer vai achar a forma de resolver isso, como resolveu outros problemas tão e até mais graves do que esse", afirmou.

Gomes Neto acrescentou que a fabricante de aeronaves ainda está avaliando as consequências da política tarifária de Trump e que vê oportunidade de negociação entre os países sobre o setor aéreo, notando que a indústria de aviação global opera sem tarifas há décadas.

"É um setor muito globalizado. Nós temos fornecedores... não só nós, a Airbus, Boeing, e vários outros fornecedores do mundo inteiro. Então isso traz uma dificuldade enorme, que eu acho que é essa discussão que está acontecendo agora", afirmou.

O executivo afirmou que a Embraer investe há 45 anos nos Estados Unidos, com mais de 2.500 funcionários em todo o país, com US$3,5 bilhões em ativos e uma "presença importante" na região.

"A gente vai seguir nossos planos e vamos ter que achar uma forma de lidar com essa situação. Mas acreditamos que tem espaço para uma negociação bilateral e multilateral nesse sentido da aviação", disse.

A Embraer espera entregar este ano entre 77 e 85 aeronaves comerciais (10% acima no comparativo anual, considerando o ponto médio da projeção) e cerca de 145 a 155 jatos executivos (15% superior ano sobre ano, também com base no ponto médio).

No evento, Gomes Neto também afirmou que a expectativa da companhia é chegar a US$10 bilhões em receitas antes de 2030, excluindo os e-VTOLs, a aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical desenvolvida pela sua controlada Eve >, que é negociada em Nova York.

O diretor financeiro da Embraer, Antonio Carlos Garcia, acrescentou que a Eve planeja emitir Brazilian Depositary Receipts (BDRs) até o final deste ano, permitindo o acesso do investidor doméstico ao papel.

"A gente tem acionistas brasileiros na Eve hoje. Então, nada mais justo que dar esse acesso para o mercado (doméstico) comprar esse tipo de título", disse. BDRs são valores mobiliários emitidos no Brasil que possuem como lastro ativos emitidos no exterior.