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Selic: Copom cumpre orientação, eleva juros para 14,25%; sinaliza mais altas

Investing.com19 de mar de 2025 às 22:09

Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) manteve nesta quarta-feira (19) a orientação sinalizada na reunião de dezembro e elevou a taxa de juros em 100 pontos-base. A taxa Selic subiu de 13,25% para 14,25%, em decisão unânime. 

Após o fim da orientação de duas altas de 100 pontos-base na taxa Selic decidida na reunião de dezembro, o colegiado sinalizou um novo forward guidance para a próxima reunião. "Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião", diz o comunicado.

"O crescimento do PIB aquém do esperado em 2024 e a desaceleração da economia no quarto trimestre mostram que o aumento da Selic deve seguir em ritmo menor, já que, no atual cenário, o arrefecimento da economia é uma condição para a redução da inflação, que se encontra desancorada", avalia Alexandre Dellamura, head de conteúdo da Melver. "Para a próxima reunião, trabalho com uma possibilidade de um aumento de meio ponto percentual", estima Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.

Em relação à taxa terminal, não houve sinalização até onde vai o ciclo atual de aperto monetário. O Copom sinaliza que essa decisão vai ser dependente da "evolução da dinâmica da inflação e dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária", ditada pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta". "Apostamos em apenas mais uma alta de meio ponto percentual na reunião de maio, encerrando o ciclo de elevação de juros em 14,75%", projeta Leonardo Costa, economista do ASA. "Estamos indo rumo ao 15% até o final do ano", diz Correia da Dom. "O teto de 15%, como indica o Focus, para 2025 não é unanimidade, parte do mercado segue pessimista em relação à política fiscal", aponta Dellamura da Melver, relembrando medidas do governo federal em relação à liberação de recursos do FGTS para lastro de empréstimos bancários e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, o que leva alguns economistas a projetarem uma taxa Selic a 15,5% no fim do ano.

Em relação ao cenário de referência do Copom, houve uma diminuição da projeção da taxa de câmbio, de R$ 6,00 para R$ 5,80, como também a estimativa de inflação para o 3º trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa do cenário de referência é de um IPCA a 3,9% entre julho e setembro do ano que vem, ante 4% da projeção sinalizada na reunião anterior.

A redução da projeção do IPCA no cenário de referência do Copom ocorre a despeito da deterioração da expectativa de inflação captada pelo Boletim Focus. A pesquisa do BC com economistas do mercado aponta estimativas de alta de 5,7% e 4,5% para o IPCA em 2025 e em 2026, respectivamente, ante projeção de 5,5% e 4,2% no encontro anterior.

O conteúdo do comunicado foi similar ao da reunião anterior. A maior diferença, além da nova orientação, está no primeiro parágrafo para reforçar o cenário de incertezas econômicas derivadas da política econômica dos Estados Unidos e seus impactos na inflação e no crescimento econômico global. No segundo parágrafo, o Copom aponta que há "sinais que sugira uma incipiente moderação no crescimento", embora continue reforçando o mercado de trabalho dinamismo e a inflação acima da meta da inflação.

Leia abaixo o comunicado completo da decisão:

​O ambiente externo permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos. Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed e acerca do ritmo de crescimento nos demais países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo, ainda que sinais sugiram uma incipiente moderação no crescimento. A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e situam-se em 5,7% e 4,5%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,9% no cenário de referência (Tabela 1).

Persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e (ii) um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.

O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.

O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista.

O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 14,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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