Por Niket Nishant
18 Mar (Reuters) - Os contratos de eventos ganharam popularidade desde a eleição presidencial dos EUA, alimentando um debate acalorado entre os operadores que adotaram a classe de ativos emergente e os críticos que a comparam a jogos de azar.
Vários participantes do mercado, como a favorita do varejo Robinhood HOOD.O e a Interactive Brokers IBKR.O, lançaram contratos de eventos nos últimos meses, buscando lucrar com o boom.
A Robinhood também lançou um hub independente na segunda-feira (link) em seu aplicativo para permitir que os comerciantes apostem em basquete universitário e nas taxas de juros dos EUA.
Veja como os contratos de eventos estão se configurando como uma nova classe de ativos:
O QUE SÃO CONTRATOS DE EVENTOS?
Os contratos de eventos permitem que os operadores apostem em resultados específicos, oferecendo oportunidades de lucrar com previsões sobre tudo, desde esportes e entretenimento até política e economia.
Os usuários podem especular sobre a probabilidade de um filme ultrapassar uma determinada pontuação do Rotten Tomatoes, a probabilidade de os EUA entrarem em recessão este ano ou a possibilidade do preço do bitcoin atingir um novo marco.
Quando os contratos de eventos se tornaram mais populares antes da eleição presidencial dos EUA, Elon Musk disse no X (link) que os mercados de previsão eram "mais precisos do que as pesquisas, já que havia dinheiro real em jogo".
COMO FUNCIONAM?
Ao contrário dos jogos de azar, onde as apostas são feitas contra a casa, os contratos de eventos funcionam como um mercado entre comerciantes.
Tais contratos normalmente pagam $1 se o evento ocorrer. Seus preços flutuam dependendo da probabilidade do resultado subjacente.
POR QUE OS CONTRATOS DE EVENTOS ESTÃO NAS MANCHETES?
Embora os defensores dos contratos de eventos os vejam como um novo caminho para os comerciantes, seu caminho para a legitimidade tem sido repleto de desafios.
Em 2023, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA rejeitou uma proposta (link) pelo mercado de previsões KalshiEX para permitir a negociação de contratos de eventos políticos vinculados ao controle do Congresso, dizendo que eles envolviam jogos ilegais e eram "contrários ao interesse público".
Kalshi processou (link), e foi liberado para retomar a negociação (link) esses contratos em outubro. A decisão também encorajou outros que estavam esperando para dar uma espiadinha no setor.
Ainda assim, as preocupações permaneceram. Em uma entrevista em janeiro com o Financial Times, o ex-presidente da CFTC Rostin Behnam disse que estava preocupado com a legalidade e o impacto social das apostas em eventos políticos e outros.
Robinhood também foi forçado a recuar (link) seus contratos para o evento Super Bowl serão em fevereiro, apenas um dia após o lançamento, após uma solicitação da CFTC.
O QUE VEM A SEGUIR?
O aumento dos contratos de eventos reflete a tendência de "democratização" nos mercados financeiros, à medida que as empresas buscam atrair investidores de varejo. Uma onda antecipada de desregulamentação sob o presidente Donald Trump pode ajudar as empresas a facilitar essas negociações.
A promessa da presidente em exercício da CFTC, Caroline Pham, de acabar (link) "regulamentação por meio da aplicação da lei" também poderia promover um ambiente mais colaborativo.
Os críticos, no entanto, ainda expressam preocupações.
"Esses contratos são uma tentativa secreta de trazer o jogo para os mercados financeiros", disse Cantrell Dumas, diretor de política de derivativos da Better Markets, um grupo que defende uma supervisão mais rigorosa do setor financeiro.
"Expandir o papel da CFTC para jogos de azar aumentaria seus recursos limitados e a desviaria de sua missão principal de supervisionar mercados legítimos de derivativos."
Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, comparou os contratos a outros veículos de investimento especulativo, como fundos negociados em bolsa alavancados.
"Os investidores nunca devem confundir um mercado em alta com inteligência, e o risco é que a confiança leve ao excesso de confiança", disse ele.