Por Humeyra Pamuk
WASHINGTON, 5 Mar (Reuters) - Centenas de diplomatas do Departamento de Estado e da Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) escreveram formalmente para o secretário de Estado, Marco Rubio, protestando contra o desmantelamento da USAID, sob o argumento de que a decisão prejudica a liderança e a segurança nacional dos Estados Unidos e abre vácuos de poder para a China e a Rússia preencherem.
Em telegrama que deve ser registrado internamente no "canal de divergência" do Departamento, que permite que diplomatas mencionem preocupações com políticas de forma anônima, diplomatas afirmaram que a decisão do governo Trump em 20 de janeiro de congelar praticamente todo o auxílio externo também coloca em risco diplomatas e forças norte-americanas no exterior e as vidas de milhões de estrangeiros que dependem da assistência dos EUA.
"A decisão de congelar e encerrar contratos de auxílio externo e concessões de assistência sem nenhuma análise significativa prejudica nossas parcerias com aliados fundamentais, destrói a confiança e abre brechas para adversários expandirem sua influência", afirma o telegrama, cuja cópia foi vista pela Reuters.
Mais de 700 pessoas assinaram o texto, segundo uma autoridade norte-americana sob condição de anonimato.
Ao perseguir o que chamou de uma agenda "America First" ("EUA em primeiro lugar"), o presidente republicano decretou uma paralisação de 90 dias em todo o auxílio estrangeiro assim que retornou ao poder. A decisão interrompeu operações da USAID em todo o mundo, prejudicou a entrega de alimentos e remédios que poderiam salvar vidas e deixou esforços globais de alívio humanitário em meio ao caos.
O presidente encarregou o bilionário e seu conselheiro Elon Musk de desmantelar a USAID, em uma operação sem precedentes para diminuir o que eles consideram gastos desnecessários e abuso de fundos no governo federal.
"Assistência estrangeira não é caridade. É uma ferramenta estratégia que estabiliza regiões, impede conflitos e avança os interesses dos EUA", afirmou a carta.
O Departamento de Estado não respondeu a pedido de comentário em um primeiro momento.
(Reportagem de Humeyra Pamuk)
((Tradução Redação Brasília))
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