WASHINGTON/KIEV, 4 Mar (Reuters) - A Ucrânia disse, esta terça-feira, que as suas forças podem aguentar-se no campo de batalha enquanto lutam contra as tropas russas, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter suspenso a ajuda militar a Kiev, no passo mais dramático até agora na sua intenção de estreitar laços com a Rússia.
Trump alterou a política norte-americana face à Ucrânia e à Rússia, o que culminou num confronto explosivo na Casa Branca, na sexta-feira, quando Trump repreendeu o Presidente Volodymyr Zelenskiy por não estar suficientemente grato pelo apoio de Washington.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, afirmou que Kiev ainda tem os meios necessários para abastecer as suas tropas. "Os nossos militares e o governo têm as capacidades, as ferramentas, digamos assim, para manter a situação na linha da frente", afirmou.
Shmyhal agradeceu aos Estados Unidos e sublinhou que Kiev pretende uma cooperação mutuamente benéfica.
"Continuaremos a trabalhar com os Estados Unidos através de todos os canais disponíveis e de uma forma calma", afirmou numa conferência de imprensa. "Só temos um plano - ganhar e sobreviver. Ou ganhamos, ou o Plano B será escrito por outra pessoa".
O próprio Zelenskiy manteve-se em silêncio sobre o congelamento da ajuda. A meio da tarde desta terça-feira, em Kiev, a sua única declaração pública foi dizer que tinha falado com o provável próximo chanceler alemão Friedrich Merz, enfatizando a ajuda militar e financeira de Berlim.
"Recordamos que a Alemanha é líder no fornecimento de sistemas de defesa aérea à Ucrânia e que desempenha um papel crucial na garantia da nossa estabilidade financeira", afirmou no X após o telefonema.
O Kremlin, por seu lado, disse que cortar a ajuda militar à Ucrânia era o melhor passo possível para a paz, embora ainda estivesse à espera de confirmar a medida de Trump.
Peritos militares dizem que o impacto da falta de ajuda dos Estados Unidos pode demorar algum tempo a fazer-se sentir. Quando a ajuda norte-americana foi suspensa durante vários meses no ano passado pelos republicanos no Congresso, o impacto inicial mais notável foi a escassez de defesas aéreas para abater os mísseis e drones russos, embora, mais tarde, as forças ucranianas se tenham queixado de falta de munições na frente.
A pausa coloca mais pressão sobre os aliados europeus que apoiaram publicamente Zelenskiy desde a discussão na Sala Oval, liderados pelo Reino Unido e França, cujos líderes visitaram a Casa Branca na semana passada.
Os europeus estão a fazer tudo para aumentar as suas próprias despesas militares e a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, revelou, esta terça-feira, propostas para aumentar as despesas com a defesa na UE, que, segundo ela, poderiam mobilizar até 800 mil milhões de euros (840 mil milhões de dólares). A UE vai realizar uma cimeira de emergência na quinta-feira.
Texto integral em inglês: nL2N3PN01F