VARSÓVIA, 3 Mar (Reuters) - Lech Walesa, antigo presidente polaco e líder do sindicato Solidariedade, que desempenhou um papel importante na queda do comunismo, assinou uma carta dirigida ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestando "horror" pela sua discussão com o ucraniano Volodymyr Zelenskiy.
O Prémio Nobel da Paz publicou no Facebook o texto da carta, assinada por 39 antigos prisioneiros políticos polacos.
Numa reunião extraordinária que foi transmitida em directo na sexta-feira, Trump acusou Zelenskiy de ser ingrato para com a ajuda dos EUA, de mostrar desrespeito pelo seu país e de arriscar a Terceira Guerra Mundial, o que pôs em dúvida o apoio contínuo de Washington à Ucrânia na sua guerra de três anos com a Rússia.
"Assistimos à sua conversa com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, com horror e desagrado", diz a carta.
"Consideramos ofensivas as suas expectativas em relação à demonstração de respeito e gratidão pela assistência material prestada pelos Estados Unidos à Ucrânia na sua luta contra a Rússia", prossegue a carta.
"A gratidão é devida aos heróicos soldados ucranianos que derramaram sangue em defesa dos valores do mundo livre."
Trump e o vice-presidente JD Vance atacaram Zelenskiy durante a reunião, levando as relações com o mais importante aliado de guerra de Kiev a um novo mínimo. O líder ucraniano foi mandado embora, disse um funcionário dos EUA.
A carta assinada por Walesa comparava o ambiente que se viveu durante a reunião ao que se vive em "interrogatórios do Serviço de Segurança e... nos tribunais comunistas".
A carta apelava também aos Estados Unidos para que cumprissem as garantias de segurança dadas à Ucrânia em 1994, após o desmembramento da União Soviética.
"Estas garantias são incondicionais: não há uma única palavra sobre o tratamento desta ajuda como uma troca económica", diz a carta.
A embaixada dos EUA em Varsóvia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O actual presidente da Polónia, Andrzej Duda, disse no sábado que Zelenskiy deveria voltar às negociações com os EUA.
Texto original em inglês: nL2N3PM0BE