Por Joe Cash e Laurie Chen
PEQUIM, 21 Fev (Reuters) - China apoiou a tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fechar um acordo com a Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia, em uma reunião do G20 na África do Sul na quinta-feira, enquanto aliados dos EUA se uniram em torno do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
Com menos de um mês de Presidência, Trump alterou a política dos EUA em relação à guerra, descartando uma campanha para isolar Moscou com um telefonema para o presidente russo, Vladimir Putin, e conversas entre autoridades graduadas dos EUA e da Rússia que deixaram a Ucrânia de lado.
Na quarta-feira, Trump chamou Zelenskiy de "ditador", o que levou a declarações de apoio ao presidente ucraniano por parte de membros do G20 como Austrália, Alemanha e Reino Unido.
"A China apoia todos os esforços que conduzem à paz (na Ucrânia), incluindo o recente consenso entre os Estados Unidos e a Rússia", disse Wang Yi a outros ministros das Relações Exteriores do G20 reunidos em Johanesburgo, de acordo com um comunicado de seu ministério.
"A China está disposta a continuar desempenhando um papel construtivo na resolução política da crise", acrescentou.
Wang não reiterou o argumento apresentado na Conferência de Segurança de Munique, na última sexta-feira, de que todas as partes interessadas no conflito Rússia-Ucrânia deveriam participar de qualquer negociação de paz.
"A China, de modo geral, está feliz em ver o abrandamento das relações entre os Estados Unidos e a Rússia e a mudança da crise ucraniana para uma solução política, mas prestará muita atenção à direção das negociações e à direção do abrandamento das relações entre os EUA e a Rússia", disse Cui Hongjian, diretor de estudos da União Europeia na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.
"Se a China participar da mediação, ela poderá reduzir o risco de os Estados Unidos usarem a flexibilização das relações com a Rússia para prejudicar os interesses da China."
Ele acrescentou que a observação anterior de Wang Yi de que todas as partes interessadas deveriam ser incluídas nas negociações abrange não apenas a Ucrânia e a Europa, mas também a China e os países do Sul Global.
Os países do Sul Global representam nações em desenvolvimento, emergentes ou de baixa renda, principalmente no hemisfério sul.
No entanto, outros analistas se mostraram céticos quanto ao envolvimento substancial da China além de declarações retóricas nesse estágio, dada a aversão de Pequim a assumir riscos geopolíticos.
"A China está satisfeita por não ser chamada a fazer nada, porque não sabe o que Trump vai exigir", disse Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center.
"Inicialmente, Trump queria o envolvimento da China, mas agora ele conversou com Putin. Ele tem a impressão de que não precisa da China para conseguir um acordo com Putin e que Putin lhe dará um acordo perfeito e melhor daqui para frente."
Wang disse que as relações entre a China e a Rússia estão "avançando para um nível mais alto e uma dimensão mais ampla" durante uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, nos bastidores do G20. Os dois se encontrarão em Moscou em breve para mais conversas, disse Lavrov na quinta-feira.
((Tradução Redação São Paulo))
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