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Líderes árabe-americanos e muçulmanos condenam comentários de Trump sobre Gaza

Reuters5 de fev de 2025 às 20:25

Por Nathan Layne e Andrea Shalal

- Lideranças árabes americanos e muçulmanos dos EUA, incluindo alguns que apoiaram Donald Trump na eleição de 2024, disseram que a proposta do presidente norte-americano para que os EUA assumam o controle de Gaza e reassentem os palestinos é inaceitável e antitética.

As lideranças, contudo, minimizaram em grande medida os comentários de Trump como fanfarronice irreal e disseram ser improvável que ele pague um grande preço político na comunidade.

"Acreditamos que suas ideias, por mais bem intencionadas que possam ser, caíram mal para muitas pessoas", disse Bishara Bahbah, que fundou o grupo Americanos Árabes por Trump e ajudou a angariar apoio para o político republicano em Michigan e em outros Estados cruciais, à Reuters.

"Somos contrários a qualquer transferência de palestinos, voluntária ou involuntariamente, para fora de sua terra natal."

Bahbah disse que ainda apoia Trump e o considera a melhor opção para evitar o conflito em Gaza. Ele disse que sua organização mudou seu nome para Árabes Americanos pela Paz há dois dias, refletindo sua mudança de foco após a eleição de Trump.

Trump delineou a ideia de os EUA "tomarem" Gaza durante uma entrevista coletiva na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na última terça-feira. Trump também apresentou uma proposta para realocar os palestinos em países vizinhos e transformar o território em uma "Riviera do Oriente Médio"

O apoio de árabes americanos e muçulmanos a Trump provavelmente contribuiu para suas vitórias em vários Estados cruciais, de acordo com estrategistas, com o maior impacto sentido em Michigan, onde vive a maior população de árabes, muçulmanos e palestinos do país.

Muitos membros da comunidade votaram contra a então vice-presidente Kamala Harris para protestar contra o apoio do governo Biden a Israel em sua ofensiva em Gaza em retaliação aos ataques de 7 de outubro de 2023. Alguns também atribuem a Trump a orquestração de um cessar-fogo, embora isso tenha acontecido antes de ele entrar na Casa Branca.

Rabiul Chowdhury, cofundador da organização Muçulmanos por Trump, disse que, embora estivesse frustrado que nenhuma solução viável de longo prazo para a paz e reconstrução estar sendo discutida para Gaza, ele não se arrepende de ter apoiado Trump.

"Confundir a retórica de Trump com as ações de Biden e Harris não é apenas falso, mas totalmente desonesto", disse, criticando o fornecimento de armas e outros apoios do governo Biden a Israel enquanto este bombardeava Gaza. "Se fôssemos equiparar as ações de Trump com as de Biden e Harris, o contraste seria inegável -- Trump é a melhor opção."

O governo do ex-presidente Joe Biden apoiou Israel com firmeza durante seu ataque a Gaza, apesar de pressionar várias vezes Israel a fazer mais para reduzir as mortes de civis e permitir a entrada de auxílio humanitário no enclave. Biden também elogiou um acordo de cessar-fogo que entrou em vigor no mês passado e que, em grande parte, reflete a estrutura de uma proposta que ele apresentou no ano passado.

Osama Siblani, editor do Arab American News, com sede em Dearborn, Michigan, disse que não acha que muitas pessoas da comunidade se arrependeriam de sua decisão de apoiar Trump ou de não votar em Kamala devido ao seu apoio a Israel.

Mas Siblani, porta-voz do Comitê de Ação Política Árabe-Americano, que não endossou nenhum dos candidatos na eleição de 2024, comparou a retórica de Trump à de um "homem louco" e disse que eles não promoveriam a causa da paz.

"Em vez de ajudar as pessoas a se recuperarem, ele está tentando tirar proveito de sua miséria", disse, à Reuters. "Não posso acreditar que um presidente dos Estados Unidos esteja fazendo tal sugestão."

(Reportagem de Nathan Layne, Andrea Shalal, Jonathan Allen e Andrew Hay)

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