Por David Shepardson e Steve Holland
WASHINGTON, 30 Jan (Reuters) - O presidente Donald Trump insinuou nesta quinta-feira, sem evidências, que os esforços federais de diversidade foram culpados depois que um jato regional colidiu com um helicóptero do Exército dos EUA em um aeroporto de Washington, matando 67 pessoas no desastre aéreo mais mortal dos EUA em mais de 20 anos.
A investigação sobre o acidente na capital do país está apenas começando e ainda não ficou claro por que o Bombardier da American Airlines, que transportava 60 passageiros e quatro tripulantes, colidiu com o helicóptero Black Hawk do Exército quando se preparava para aterrissar no Aeroporto Nacional Reagan Washington.
O secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, disse que ambas as aeronaves estavam voando em condições de voo padrão e que não houve falha na comunicação.
As comunicações por rádio mostram que os controladores de tráfego aéreo alertaram o helicóptero sobre a aproximação do jato e ordenaram que ele mudasse de rota. Não há evidências de que os esforços para tornar a força de trabalho federal mais diversificada tenham comprometido a segurança aérea.
Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump criticou os pilotos do helicóptero e disse que não sabia ao certo se a culpa era dos controladores de tráfego aéreo envolvidos.
"Não sabemos o que levou a esse acidente, mas temos algumas opiniões e ideias muito fortes", disse ele.
O espaço aéreo é frequentemente lotado na região da capital dos EUA, que abriga três aeroportos comerciais e várias instalações militares importantes, e as autoridades levantaram preocupações sobre as pistas de pouso movimentadas no Aeroporto Nacional Reagan, do outro lado do rio de Washington. Houve vários incidentes de quase acidente que geraram alarme, incluindo uma quase colisão em maio de 2024.
A escassez de controladores de tráfego aéreo nos Estados Unidos nos últimos anos gerou preocupações com a segurança.
Trump acusou seu antecessor democrata, Joe Biden, de reduzir os padrões de contratação e sugeriu que o impulso de diversidade da Administração Federal de Aviação poderia ter enfraquecido suas capacidades.
Perguntado se o acidente foi causado por contratações diversificadas, ele disse: "Pode ter sido". O governo não forneceu nenhuma prova para apoiar essas afirmações.
Trump agiu rapidamente para anular as iniciativas federais de diversidade desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, atraindo críticas de defensores de direitos que temem que ele esteja revertendo o progresso que os Estados Unidos fizeram para superar seu histórico de discriminação.
Trump leu o que descreveu como um documento da FAA afirmando que as deficiências físicas e mentais, por si só, não desqualificariam os candidatos a um cargo de controlador. Esse documento foi lançado em 2013 e permaneceu online durante o mandato inicial de Trump na Casa Branca, de 2017 a 2021, de acordo com assessores do secretário de transportes de Biden, Pete Buttigieg.
Buttigieg respondeu a Trump no X, chamando suas falas de desprezíveis. "Enquanto as famílias sofrem, Trump deveria estar liderando, não mentindo."
CAUSA DO ACIDENTE NÃO ESTÁ CLARA
Os comentários de Trump contrastaram fortemente com os de outras autoridades, que disseram que não havia nenhuma indicação imediata do motivo do acidente.
O presidente-executivo da American Airlines AAL.O, Robert Isom, disse que o piloto do voo 5342 da American Eagle tinha cerca de seis anos de experiência de voo. O jato Bombardier CRJ-700 era operado pela PSA Airlines, uma subsidiária regional. Ele transportava 60 passageiros e quatro tripulantes.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que o helicóptero era pilotado por uma "tripulação bastante experiente" de três soldados que usavam óculos de visão noturna em um voo anual de treinamento de proficiência. As autoridades disseram que estavam suspendendo outros voos da unidade do Exército envolvida no acidente e que reavaliariam os exercícios de treinamento na região.
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS AC