WASHINGTON, 20 Jan (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu perdões preventivos, esta segunda-feira, para pessoas que o sucessor republicano Donald Trump tem como alvo de retaliação, incluindo a ex-deputada republicana Liz Cheney, o ex-presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley e o ex-conselheiro-chefe médico da Casa Branca, Anthony Fauci.
O perdão abrange todos os deputados, incluindo Cheney, que fizeram parte do comité seleccionado do Congresso que investigou a invasão do Capitólio dos Estados Unidos por apoiantes de Trump, a 6 de Janeiro de 2021, bem como os agentes da polícia que testemunharam perante o comité.
Trump, que regressa à presidência ainda esta segunda-feira, pediu repetidamente o julgamento dos seus supostos inimigos desde que ganhou a Casa Branca em Novembro.
Biden elogiou os funcionários públicos como a "força vital da nossa democracia". Sem mencionar Trump, manifestou-se alarmado com o facto de alguns deles terem sido alvo de ameaças e intimidações por fazerem o seu trabalho.
"Estes funcionários públicos serviram a nossa nação com honra e distinção e não merecem ser alvo de processos injustificados e politicamente motivados", afirmou Biden num comunicado.
A Constituição dos Estados Unidos confere ao Presidente amplos poderes de perdão para crimes federais. Embora os perdões sejam normalmente concedidos a pessoas que foram processadas, eles podem abranger condutas que não resultaram em processos judiciais.
Em Dezembro, Trump apoiou um pedido para que o FBI investigasse à também republicana Cheney pelo seu papel na liderança da investigação do Congresso sobre o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de Janeiro de 2021, pelos apoiantes de Trump.
Fauci entrou frequentemente em conflito com Trump durante a pandemia da COVID-19, sendo que os apoiantes de Trump continuaram a atacar o antigo alto responsável da saúde.
Fauci disse à Reuters que a Casa Branca fez um contacto sobre o assunto há um mês e que ele não tinha pedido o perdão. "Agradeço que o Presidente tenha tenha feito o contacto e tentado proteger-me de acusações sem fundamento", disse Fauci. "Não fiz nada de errado e isto não é o reconhecimento de qualquer culpa".
Milley, que foi o principal conselheiro militar de Trump entre 2019 e o início de 2021, disse, num comunicado, que estava "profundamente grato" pelo perdão de Biden.
Biden elogiou tanto Milley como Fauci como funcionários públicos dedicados de longa data que defenderam a democracia e salvaram vidas. Afirmou que o comité seleccionado criado para investigar o ataque de 6 de Janeiro ao Capitólio cumpriu a sua missão com integridade.
Biden disse que os indultados não tinham feito nada de errado, mas que o simples facto de serem investigados ou processados poderia prejudicar reputações e finanças.
"Acredito no Estado de Direito e estou optimista de que a força das nossas instituições jurídicas acabará por prevalecer sobre a política", afirmou. "Mas estas são circunstâncias excepcionais e não posso, em boa consciência, não fazer nada".
Os perdões atraíram críticas imediatas de aliados de Trump, incluindo da representante norte-americana, Marjorie Taylor Greene, que disse no X que os responsáveis foram perdoados "porque são CULPADOS DE CRIMES".
Texto integral em inglês: nL2N3OG0D4
(Por Doina Chiacu, Phil Stewart, Idrees Ali e Jeff Mason; Tradução para português por Tiago Brandão, Gdansk Newsroom)
((gdansk.newsroom@thomsonreuters.com ; +48 58 769 66 00))