
Por Naomi Rovnick e Alun John
LONDRES, 19 Dez (Reuters) - Os bancos centrais das grandes economias estão sinalizando uma mudança de postura, enquanto o Banco do Japão elevou as taxas de juros para o nível mais alto em 30 anos na sexta-feira.
Um dia antes, o Banco Central Europeu praticamente confirmou o fim da flexibilização monetária e o Banco da Inglaterra cortou as taxas de juros em uma votação apertada, com dissidentes alertando sobre as pressões inflacionárias.
Agora, todas as atenções estão voltadas para o quão acomodatício o próximo Federal Reserve conseguirá ser, após alguns dos membros do comitê de política monetária do banco central dos Estados Unidos (EUA) alertarem (link) que a maior economia do mundo pode já estar se aquecendo demais.
Eis a situação dos bancos centrais em 10 mercados desenvolvidos:
1/ SUÍÇA
O Banco Nacional Suíço manteve sua taxa básica de juros inalterada em 0% (link) em 11 de dezembro, a menor entre os bancos centrais de mercados desenvolvidos, e afirmou que o recente acordo para reduzir as tarifas dos EUA sobre produtos suíços melhorou as perspectivas econômicas.
Embora a inflação suíça esteja em zero (link), uma vez que o franco forte, considerado um porto seguro, reduz os custos de importação, o patamar para que as taxas de juros entrem em território negativo é alto, e os economistas esperam (link) que o crescimento dos preços se recupere ligeiramente no próximo ano e que o SNB mantenha as taxas inalteradas ao longo de 2026.
2/ CANADÁ
O Banco do Canadá (link) manteve sua taxa básica de juros em 2,25% na semana passada, após um afrouxamento monetário de 225 pontos-base neste ciclo. O governador Tiff Macklem afirmou que a economia está demonstrando resiliência às medidas comerciais dos EUA.
Espera-se que o Banco do Canadá mantenha as taxas de juros inalteradas (link) até 2027, após os gastos do governo e as robustas exportações de petróleo elevarem o crescimento do terceiro trimestre para 2,6% e o mercado de trabalho se fortalecer. (link)
3/ SUÉCIA
O Riksbank da Suécia também espera que as medidas anteriores de flexibilização monetária comecem a impulsionar o crescimento do PIB (link) e, com a inflação anual ligeiramente acima da meta de 2%, manteve as taxas (link) em 1,75% em 18 de dezembro, e os analistas preveem que ela subirá novamente no final de 2026.
4/ NOVA ZELÂNDIA
Com o desemprego em seu nível mais alto em nove anos, adotar uma postura mais rígida será uma escolha difícil para a nova presidente do Banco Central da Nova Zelândia, Anna Breman.
Embora uma série de cortes de juros expressivos tenha ajudado a impulsionar a inflação (link) para o limite superior da meta do banco central, no entanto, os mercados monetários preveem que a taxa básica de juros da Nova Zelândia se aproximará de 3% em dezembro de 2026, ante os atuais 2,25%.
5/ ZONA DO EURO
O Banco Central Europeu mantém a taxa de juros inalterada em 2% desde junho, e sua mais recente pausa, na quinta-feira, veio acompanhada de revisões para cima das previsões de crescimento e inflação.
Os investidores chegaram a um consenso sobre uma longa pausa, pelo menos até junho, depois que a presidente do BCE, Christine Lagarde, citou grande incerteza e evitou dar orientações futuras.
6/ ESTADOS UNIDOS
O Federal Reserve cortou as taxas de juros em 10 de dezembro (link), em uma votação dividida, e então insinuou uma pausa.
Dados de emprego com atraso mostraram que o mercado de trabalho havia recuado em outubro, mas se recuperou no mês seguinte, e líderes empresariais dos EUA também esperam novos aumentos de preços (link) decorrentes das tarifas.
Os formuladores de políticas do Fed preveem apenas um corte de 25 pontos-base em 2026 (link), o que os coloca em potencial conflito com o presidente Donald Trump, que deseja mais flexibilização das medidas (link), assim como o favorito para a presidência do Fed e conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett (link).
7/ Reino Unido
Os membros do comitê de política monetária do Banco da Inglaterra votaram por uma pequena margem (link) por um corte de um quarto de ponto, para 3,75%, na quinta-feira, e o governador Andrew Bailey alertou que um novo afrouxamento monetário está em situação delicada.
Com a inflação no Reino Unido ainda sendo a mais alta do G7, os comentários de dissidentes do Banco da Inglaterra na quinta-feira, de que ela pode ficar estagnada em níveis muito altos, minaram a confiança dos mercados de taxas de juros em relação a mais de um corte de 25 pontos-base no próximo ano.
8/ NORUEGA
O Norges Bank tem sido o mais cauteloso entre os países do G10, tendo reduzido as taxas em apenas 50 pontos-base neste ciclo.
O banco manteve as taxas de juros estáveis na quinta-feira, embora os mercados futuros prevejam um afrouxamento adicional de 44 pontos-base no próximo ano, após a desaceleração da inflação. (link)
9/ AUSTRÁLIA
O Banco Central da Austrália (link) parece estar próximo de seu ponto de inflexão, após ter mantido as taxas estáveis em 3,6% no início deste mês e emitido um alerta contundente sobre a inflação.
Os mercados já estão precificando totalmente um aumento de juros até junho.
10/ JAPÃO
O Banco do Japão elevou as taxas de juros para 0,75% na sexta-feira e revisou para cima suas previsões de crescimento e inflação, embora o iene tenha sofrido uma forte queda (link) enquanto os rendimentos dos títulos do governo japonês também dispararam (link), enviando sinais contraditórios ao mercado sobre a probabilidade de novos aumentos.
Os investidores vêm antecipando uma mudança de postura do Banco do Japão em relação às medidas de apoio econômico desde que a nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, prometeu um pacote de gastos de estímulo massivo (link) e enquanto a inflação permanecia (link) forte o suficiente para pressionar o banco central.