
Por Alun John e Naomi Rovnick
LONDRES, 11 Dez (Reuters) - Bancos centrais de economias desenvolvidas estão sinalizando uma mudança de postura, com muitos deles agora em espera após um longo ciclo de flexibilização, e formuladores de política monetária sinalizando que seus próximos movimentos, com o tempo, poderão ser de aumento dos juros.
O Federal Reserve é uma espécie de exceção. O banco central dos EUA cortou as taxas esta semana e os mercados ainda veem mais flexibilização no próximo ano, ainda que o Fed espere apenas mais um corte em 2026.
Essa é a posição dos bancos centrais em 10 mercados desenvolvidos.
1/ SUÍÇA
O Banco Nacional Suíço (SNB) deixou sua taxa de juros inalterada em 0% na quinta-feira, a mais baixa entre os bancos centrais de mercados desenvolvidos, e disse que o recente acordo para reduzir as tarifas dos EUA sobre os produtos suíços melhorou as perspectivas econômicas.
Embora a inflação suíça esteja em zero, conforme o franco forte barateia os custos de importação, a barreira para tornar as taxas negativas é alta, e os economistas esperam que o crescimento dos preços se recupere levemente no próximo ano e que o SNB permaneça em espera até 2026.
2/ CANADÁ
O Banco do Canadá manteve sua taxa básica em 2,25% na quarta-feira, após 225 pontos-base de flexibilização neste ciclo. O presidente do banco Tiff Macklem disse que a economia está se mostrando resistente às medidas comerciais dos EUA.
Espera-se que o BOC mantenha as taxas em espera até 2027, depois que os gastos do governo e as robustas exportações de petróleo elevaram o crescimento do terceiro trimestre para 2,6% e o mercado de trabalho se fortaleceu.
3/ SUÉCIA
O Riksbank da Suécia também espera que a flexibilização monetária anterior comece a elevar o crescimento do PIB e, com a inflação anual um pouco acima de sua meta de 2%, analistas preveem que ele manterá as taxas em 1,75% em 18 de dezembro, com uma longa pausa em seguida.
4/ NOVA ZELÂNDIA
Com o desemprego no maior patamar em nove anos, a nova presidente do Reserve Bank da Nova Zelândia, Anna Breman, terá dificuldade em adotar uma postura dura.
No entanto, com uma série de cortes vigorosos nas taxas que ajudaram a impulsionar a inflação para o limite superior da faixa de meta do banco central, os mercados veem a taxa de juros à vista da Nova Zelândia próxima de 3% em dezembro de 2026, contra os atuais 2,25%.
5/ ZONA DO EURO
O Banco Central Europeu tem mantido a taxa de juros firmemente em 2% desde junho e é provável que continue assim na próxima semana.
Entretanto, parece que uma mudança está em andamento. Nos últimos meses, um novo corte nas taxas era visto como uma possibilidade, mas não mais, conforme investidores reagiram ao fato de Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, ter dito na segunda-feira que o próximo passo do BCE poderia ser um aumento de juros, mesmo que não imediatamente.
6/ ESTADOS UNIDOS
O Federal Reserve cortou os juros na quarta-feira, em uma votação dividida, mas deu a entender que agora fará uma pausa enquanto as autoridades buscam sinais mais claros sobre o mercado de trabalho e a inflação que "permanece um pouco elevada".
As projeções divulgadas após a reunião mostraram que os formuladores de políticas preveem apenas um corte de 25 pontos-base em 2026. Isso pode pressagiar divergências com o presidente Donald Trump, que quer mais flexibilização, mas as projeções de maior crescimento, inflação mais baixa e emprego estável podem acalmá-lo.
7/ REINO UNIDO
Os mercados financeiros precificam uma chance de quase 90% de que o Banco da Inglaterra reduza as taxas para 3,75% em 18 de dezembro, mas preveem pouco mais de 30 pontos-base de mais flexibilização durante 2026.
No mês passado, o BoE votou por 5 a 4 para deixar as taxas inalteradas em 4% e continua profundamente dividido depois que o orçamento do governo, que aumentou os impostos em 26 de novembro, prejudicou a confiança, mas a inflação elevada dos preços dos alimentos sugeriu que as pressões sobre os preços continuaram fortes.
8/ NORUEGA
O Norges Bank tem sido o mais cauteloso do grupo do G10, tendo cortado as taxas em apenas 50 pontos-base neste ciclo.
Os mercados acreditam que a taxa será mantida na próxima semana, mas estão precificando um novo corte em meados de 2026. Os dados de quarta-feira, que mostram um arrefecimento no núcleo da inflação, ajudarão.
9/ AUSTRÁLIA
O Reserve Bank da Austrália parece que será o primeiro a chegar ao ponto de inflexão. Na terça-feira, ele manteve as taxas estáveis em 3,6%, descartou mais flexibilização da política monetária e alertou que seu próximo passo poderia ser para cima se as pressões inflacionárias se mostrarem persistentes.
Isso deu um impulso ao dólar australiano, AUD= e pesou sobre os títulos do governo. Os mercados estão precificando totalmente um aumento até junho de 2026 e veem uma boa chance de que ele ocorra em maio.
10/ JAPÃO
O Banco do Japão, único banco central já em modo de aumento por enquanto, deve elevar os juros para 0,75% em sua reunião na próxima semana.
Os mercados japoneses estão em foco globalmente. O anúncio de estímulo maciço feito pela primeira-ministra Sanae Takaichi fez com que os rendimentos dos títulos públicos de prazos mais longos subissem, com repercussões em outros lugares, enquanto o iene JPY= está sob pressão.
O presidente do banco central Kazuo Ueda ficará aliviado se suas falas após a reunião evitarem acelerar a venda de um ou de outro.