FOREX-Dólar cai com ameaça de paralisação do governo dos EUA

Por Amanda Cooper e Gertrude Chavez-Dreyfuss

LONDRES/NOVA YORK, 30 Set (Reuters) - O dólar cedia em relação à maioria das moedas nesta terça-feira, antes de uma provável paralisação do governo dos EUA que pode interromper a divulgação do relatório mensal de empregos nesta semana.

O financiamento do governo dos EUA expirará à meia-noite de terça-feira, a menos que republicanos e democratas cheguem a um acordo provisório de última hora.

"Uma possível paralisação do governo dos EUA logo na manhã de quarta-feira está mantendo o dólar dos EUA sob pressão de baixa", disse Elias Haddad, estrategista sênior de mercados da Brown Brothers Harriman, em nota.

"A lógica é que uma paralisação do governo poderia levar a um Fed mais 'dovish'. Se a paralisação for breve, o Fed a ignorará. Entretanto, uma paralisação prolongada (mais de duas semanas) aumenta o risco de queda no crescimento e aumenta a probabilidade de um Fed mais acomodatício."

Os futuros de juros dos EUA estão prevendo 43 pontos-base de flexibilização este ano, provavelmente começando com um corte de 25 pontos-base em outubro, com forte chance de uma segunda flexibilização até o final do ano.

A possível paralisação deixou os investidores inquietos, aguardando um relatório de emprego previsto para sexta-feira.

Os departamentos do Trabalho e do Comércio dos EUA informaram que suas agências de estatísticas suspenderiam a divulgação de dados no caso de uma paralisação parcial, incluindo os dados de emprego de setembro, que são observados de perto.

O relatório de emprego previsto para sexta-feira é crucial para a tomada de decisões do Federal Reserve, portanto, um atraso poderia gerar uma volatilidade extra no mercado.

No final da manhã, o dólar caía 0,5% em relação ao iene JPY=EBS para 147,86, ampliando seu declínio após uma pesquisa mista de emprego, a Jolts, mostrando que as vagas de emprego nos EUA aumentaram marginalmente em agosto, enquanto as contratações diminuíram, o que é consistente com um mercado de trabalho mais fraco.

As vagas de emprego, uma medida da demanda de mão de obra, aumentaram 19 mil, para 7,227 milhões no último dia de agosto. As contratações, por outro lado, diminuíram 114 mil, para 5,126 milhões em agosto. As demissões em massa caíram 62 mil, para 1,725 milhão.

O índice do dólar caía 0,2%, para 97,756 =USD, enquanto o euro subia 0,1%, para US$1,1742 EUR=EBS.

O dólar também foi prejudicado pelo índice de confiança do consumidor do Conference Board, que caiu 3,6 pontos, para 94,2 neste mês. Economistas consultados pela Reuters haviam previsto uma queda para 96,0.

No caso do iene, os investidores consideraram o resumo das opiniões do Banco do Japão da sua reunião de setembro, na qual foi discutida a possibilidade de um aumento na taxa de juros de curto prazo. Os mercados mostram que os investidores atualmente atribuem 60% de chance de uma alta em dezembro.

Os estrategistas do ING dizem que a venda de dólares em troca de ienes pode se tornar popular caso a paralisação dos EUA se concretize. O dólar subiu 0,7% em relação ao iene este mês, mas caiu quase 6% até o momento em 2025, à medida que os investidores sentiram que as taxas japonesas provavelmente subirão lentamente, enquanto as dos Estados Unidos cairão.

Na Europa, a libra esterlina ignorou os dados que mostraram que o crescimento econômico da Reino Unido desacelerou para 0,3% entre abril e junho deste ano, enquanto o déficit em conta corrente cresceu nos três meses até o final de junho muito mais do que o esperado, atingindo o equivalente a 3,8% do PIB, acima dos 2,8% no primeiro trimestre de 2025.

A libra GBP= estava estável em US$1,3436 e um pouco mais fraca em relação ao euro EURGBP=, que subia 0,1%, para 87,38 pence. O euro EUR=EBS subia 0,1% em relação ao dólar, para US$1,174.