Por Gertrude Chavez-Dreyfuss
NOVA YORK, 22 Jul (Reuters) - O dólar caía nesta terça-feira, com o iene sendo um dos principais ganhadores em relação ao dólar, com os investidores acompanhando as negociações antes do prazo final de 1º de agosto, que pode trazer tarifas pesadas sobre os produtos dos parceiros comerciais dos EUA que não conseguirem fechar acordos.
As transações foram, em sua maioria, moderadas, com a moeda japonesa avançando pela segunda sessão consecutiva, após os resultados da eleição para a câmara alta do Japão no fim de semana, que já haviam sido precificados. O foco mudou para a rapidez com que Tóquio pode fechar um acordo comercial com Washington, bem como para o futuro do primeiro-ministro Shigeru Ishiba no comando do país.
Nas operações da tarde, o dólar caía 0,5%, para 146,54 ienes JPY=EBS, tendo caído mais de 1% na segunda-feira, após a eleição do fim de semana e um feriado público.
Faltando pouco mais de uma semana para o dia 1º de agosto, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse nesta segunda-feira que o governo está mais preocupado com a qualidade dos acordos comerciais do que com o seu prazo.
Perguntado se o prazo poderia ser estendido para os países envolvidos em negociações produtivas com Washington, Bessent disse que o presidente Donald Trump tomaria essa decisão.
"Os mercados estão... analisando esse ruído (prazo tarifário de 1º de agosto) até que algo realmente definitivo aconteça", disse Brad Bechtel, chefe global de câmbio da Jefferies, em Nova York.
"E muitos dos dados parecem estar corretos, mesmo com todas as tarifas, pelo menos aquelas que já foram implementadas."
A incerteza sobre o eventual estado das tarifas em nível global tem sido um grande obstáculo para o mercado de câmbio, deixando as moedas sendo negociadas em uma faixa estreita na maior parte do tempo, mesmo com as ações em Wall Street atingindo novas altas.
O índice do dólar, um indicador de seu valor em relação a uma cesta de moedas, caía 0,3%, para 97,545 =USD, tendo se enfraquecido cerca de 0,6% na segunda-feira. Ele atingiu o nível mais baixo em duas semanas no início da sessão.
O euro EUR=EBS subia 0,2%, para US$1,1725, com o Banco Central Europeu também envolvido nas reuniões de bancos centrais desta semana. Entretanto, não se espera que ele ajuste as taxas de juros da zona do euro. A moeda única subiu para o nível mais alto em duas semanas no início do dia global.
Um acordo entre a União Europeia, que poderá enfrentar tarifas de 30% a partir de 1º de agosto, e os Estados Unidos continua indefinido. Diplomatas da UE disseram na segunda-feira que estavam explorando um conjunto mais amplo de possíveis contramedidas, devido ao enfraquecimento das perspectivas de um acordo.
"A recuperação do dólar no início do mês está perdendo o ímpeto, o euro está estável antes da reunião do banco central na quinta-feira e o iene japonês está consolidando os ganhos obtidos após os resultados eleitorais do fim de semana, melhores do que o esperado", disse Karl Schamotta, estrategista-chefe de mercado da Corpay em Toronto.
"As faixas de negociação estão se estreitando em um cenário de dados relativamente tranquilo. O posicionamento em uma série de pares de negociação está se movendo para território neutro, e os indicadores de volatilidade implícita estão diminuindo."
Também pesaram sobre a mente dos investidores as preocupações com a independência do Federal Reserve, uma vez que Trump tem repetidamente protestado contra o chair Jerome Powell e o instou a renunciar devido à relutância do banco central em cortar as taxas de juros.
Na segunda-feira, Bessent adotou uma postura mais branda, dizendo que não há necessidade de Powell deixar o cargo imediatamente, acrescentando que ele deve ir até o final de seu mandato, em maio, se quiser.
"É possível criticar o Fed por muitas de suas decisões ao longo dos anos. Mas forçar a saída do chair do Fed por ele não seguir as instruções da Casa Branca é um passo longe demais", escreveu Kathy Jones, estrategista sênior de renda fixa da Schwab, em uma nota de pesquisa.
"Isso minará a confiança no banco central em um momento em que a inflação ainda está muito alta e a política é uma mistura confusa de prioridades. Se Powell for substituído por alguém que seja visto como alguém que está cumprindo as ordens do governo, isso provavelmente levará a um dólar mais fraco e a taxas de juros de longo prazo muito mais altas."
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS AC