Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
SINTRA, Portugal, 1 Jul (Reuters) - Dois membros do Banco Central Europeu alertaram nesta terça-feira sobre o impacto de uma maior valorização do euro em uma economia fraca da zona do euro que está se preparando para as tarifas dos Estados Unidos.
O euro subiu cerca de 9% em relação ao dólar desde abril, já que os investidores, assustados com a política econômica imprevisível do presidente dos EUA, Donald Trump, ficaram animados com as novas ambições militares e industriais da União Europeia.
No entanto, uma moeda forte é uma situação mista para o banco central, pois torna as exportações mais caras e as importações mais baratas, reduzindo o crescimento e a inflação.
"Se houver uma tarifa de 10% mais uma valorização de 10% da taxa de câmbio, isso é grande o suficiente para afetar a dinâmica das exportações", disse o presidente do banco central da Letônia, Martins Kazaks, à Reuters no Fórum Anual do BCE sobre Bancos Centrais, em Sintra, Portugal.
As autoridades da UE se conformaram com uma tarifa de 10% sobre os produtos exportados para os Estados Unidos como seu cenário básico, à medida que continuam as difíceis negociações com o governo de Trump antes do prazo final de 9 de julho.
O euro estava sendo negociado a US$1,18 nesta terça-feira, com alta de 14% desde o início do ano, mas ainda aproximadamente no meio da faixa em que esteve na última década ou mais.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que o banco central poderia ignorar o aumento do euro em relação ao dólar até US$1,20, mas não mais do que isso.
"Além disso, será muito mais complicado", disse de Guindos à Bloomberg TV.
Tanto Kazaks quanto de Guindos disseram que a economia está fraca, mas pareceram minimizar a perspectiva de mais suporte do BCE por meio de cortes nas taxas de juros.
"A maior parte do ajuste dos juros já foi feita", disse Kazaks. "Se houver mais cortes, eles serão pequenos e terão valor de sinalização, desde que permaneçamos no cenário base."
De Guindos disse que um corte adicional "não ajudará a economia", que, em vez disso, precisa de certeza sobre o comércio e outras políticas.
O BCE cortou as taxas de juros oito vezes no espaço de um ano, uma vez que a inflação diminuiu para sua meta de 2%, onde espera que permaneça no futuro próximo, exceto por uma queda de curta duração em 2026.
(Reportagem de Francesco Canepa)
((Tradução Redação São Paulo))
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