23 Jun (Reuters) - O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse nesta segunda-feira que o governo está acompanhando os desdobramentos econômicos do conflito entre Israel e Irã, como os preços do petróleo e do dólar, mas que não há expectativa de alta descontrolada da inflação no Brasil como resultado do cenário internacional.
"É importante acompanhar tanto do ponto de vista da corrida para o dólar, quando há um movimento de buscar segurança no mercado e moedas de países em desenvolvimento -- como a nossa -- e mesmo ativos variáveis, como ativos de bolsa, podem acabar sendo rejeitados ou vendidos neste momento em benefício de moedas fortes como o dólar. Esse é um primeiro elemento importante de acompanhar hoje durante o dia", disse ele em entrevista à CBN.
"E segundo é o preço do petróleo, que tende a subir, apesar de já termos visto nos últimos dias, ultimas semanas, alguma compra de petróleo, que pode amortecer a subida do petróleo nesta semana", completou.
Os Estados Unidos decidiram no fim de semana se juntar a Israel no ataque a instalações nucleares do Irã, injetando novas incertezas nas perspectivas para inflação e atividade econômica. O Irã afirmou nesta segunda isso ampliou a gama de alvos legítimos para suas Forças Armadas e chamou o presidente dos EUA, Donald Trump, de "apostador" por se juntar à campanha militar de Israel contra a República Islâmica.
Nesta segunda, o índice do dólar que mede a moeda contra seus principais pares tinha leve alta de 0,45%, enquanto no Brasil abriu com avanço de 0,16% contra o real, a R$5,5359.
Já os futuros do petróleo bruto Brent LCOc1 subiam 0,11%, para US$77,09 por barril, enquanto o West Texas Intermediate CLc1 avançava 0,05%, para US$73,88.
Durigan disse que toda a instabilidade e volatilidade global impacta o preço dos alimentos e o custo logístico das cadeias, mas ponderou: "Acho que, mesmo com tudo isso, a gente tem mostrado bastante resiliência no Brasil e a tendência aqui é que a gente não tenha um aumento de inflação fora de controle não", afirmou.
Ele destacou que alguns efeitos mitigadores, como a política de preços da Petrobras, são bem-vindos.
"Nossa economia tem dado boas respostas a preocupações relacionadas com juros e inflação, a gente tem vivido momento de muita estabilidade no Brasil que contrapõe a situação do mundo", disse ele.
Durigan afirmou ainda que o governo deve apresentar nesta semana proposta para a revisão de benefícios fiscais, ressaltando que, segundo estimativas da Receita Federal, os incentivos chegam a R$750 bilhões por ano.
"Você não tem perda relativa, então você não pode dizer, ah, eu perdi, mas alguém não. Todo mundo vai manter 90% do benefício que hoje tem, abrindo mão de 10%. Mas veja que o benefício segue alto. Então do nosso ponto de vista, tanto melhor quanto mais setores e mais beneficiários ficarem nesse corte linear".
((Redação São Paulo))
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