Por William Schomberg
WASHINGTON, 24 Abr (Reuters) - A ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, disse nesta quinta-feira que compartilha com algumas das preocupações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os desequilíbrios na economia mundial, um dia antes de discutir um acordo comercial com seu colega norte-americano.
Falando no Fundo Monetário Internacional (FMI), Reeves disse que as tarifas comerciais -- lançadas este mês por Trump e seguidas pela China -- não beneficiaram ninguém.
Mas ela disse estar preocupada com o poder de exportação da China e como isso afetou os trabalhadores nos Estados Unidos, no Reino Unido e em outros lugares.
"Onde os EUA têm razão é que há desequilíbrios substanciais na economia global, com alguns países apresentando grandes superávits persistentes e outros grandes déficits persistentes", disse Reeves em um painel de discussão.
"Importa onde as coisas são feitas e quem as faz, e não podemos ser agnósticos ou ingênuos sobre isso", afirmou.
Reeves deve se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na sexta-feira. No topo da agenda estará um possível acordo comercial que o Reino Unido espera que reduza o impacto das tarifas de importação de Trump sobre seus exportadores de bens, incluindo automóveis e aço.
A ministra disse que estava esperançosa de que um acordo com o maior mercado de exportação do Reino Unido seria alcançado.
"Estou confiante de que um acordo pode ser fechado, que nosso forte relacionamento -- quando se trata de defesa, quando se trata de segurança e quando se trata de economia e prosperidade -- significa que podemos fechar um acordo", disse ela ao canal de televisão norte-americano Newsmax, que é próximo ao governo Trump.
Reeves também enfatizou o comprometimento do Reino Unido em aumentar os gastos com defesa, abordando outra prioridade política de Trump.
Na quarta-feira, Reeves disse que o Reino Unido não se apressaria em fechar um acordo com Washington e descartou fazer concessões em relação aos padrões alimentares.
O Wall Street Journal informou na terça-feira que os EUA queriam que o Reino Unido reduzisse impostos e outras barreiras não tarifárias sobre uma variedade de produtos, incluindo um relaxamento das regras sobre importações agrícolas dos EUA, como carne bovina.
O Reino Unido também quer reduzir as barreiras comerciais pós-Brexit com a União Europeia, uma perspectiva bem recebida nesta quinta-feira pela chefe do FMI, Kristalina Georgieva, que falava ao lado de Reeves.
"Quando os divorciados -- a UE e o Reino Unido -- estiverem namorando novamente, estaremos em uma ótima posição", disse Georgieva, levando Reeves e seu colega alemão, Joerg Kukies, a trocarem um "high-five", um cumprimento de mãos.
Autoridades do Reino Unido e da Europa estão buscando um acordo de defesa em uma cúpula planejada para maio, que também pode dar início a negociações para uma cooperação mais estreita em áreas como energia, pesca, padrões alimentares e oportunidades para jovens.
(Texto de William Schomberg)
((Tradução Redação São Paulo))
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