23 Abr (Reuters) - O dólar norte-americano encenou uma tentativa de recuperação contra os seus principais rivais, esta quarta-feira, devido às esperanças de diminuição das tensões comerciais e numa altura em que o presidente Donald Trump recuou das ameaças de demitir o chefe da Reserva Federal, o que ofereceu alívio aos investidores.
Esta semana, os mercados têm-se debatido com a noção de que a independência da Fed pode estar ameaçada, após os repetidos ataques verbais de Trump ao Presidente Jerome Powell por não ter reduzido as taxas desde que o Presidente voltou a assumir funções em Janeiro.
Mas, na terça-feira, Trump pareceu recuar.
"Não tenho intenção de o despedir", disse Trump aos jornalistas na Sala Oval, na terça-feira. "Gostaria de vê-lo ser um pouco mais activo em termos da sua ideia de baixar as taxas de juro".
Trump e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, sugeriram separadamente que poderia haver uma diminuição das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e que qualquer acordo comercial com a China poderia reduzir "substancialmente" as tarifas.
Os investidores apressaram-se a regressar ao dólar, que tem estado perto de mínimos de três anos nas últimas semanas e cujo estatuto de porto-seguro tinha sido questionado tendo em conta as políticas comerciais erráticas de Trump e o seu potencial impacto na economia norte-americana.
O dólar subiu rapidamente no início do dia de negociação nas horas asiáticas, mas estabilizou desde então, já que o sentimento do mercado permaneceu frágil.
O euro EUR=EBS depreciou 0,18% para os 1,1397 dólares, recuando dos níveis de 1,15 dólares vistos no início desta semana, que marcaram um máximo de cerca de três anos e meio.
Esta quarta-feira, inquéritos mostraram que o crescimento das empresas da Zona Euro estagnou e o sector privado da Alemanha contraiu este mês, atingidos pelos problemas do sector dos serviços e pela incerteza relacionada com o comércio.
O dólar chegou a subir mais de 1% face ao iene para os 143,21 no início das negociações e subia entretanto 0,3% para os 142,085. Contra o franco suíço CHF=EBS, o dólar apreciava 0,6% para os 0,8245, tendo saltado mais de 1% no início da sessão asiática.
Apesar da tentativa de recuperação, o dólar não está longe dos seus mínimos plurianuais face ao euro e ao franco suíço e do mínimo de sete meses face ao iene japonês.
Em relação ao comércio com a China, Bessent disse que nenhum dos lados vê o 'status quo' como sustentável, acrescentando que o objectivo da administração Trump não era dissociar as duas maiores economias do mundo, segundo uma pessoa que ouviu a sua apresentação aos investidores numa conferência da JP Morgan.
Entretanto, Trump expressou optimismo quanto à possibilidade de um acordo comercial com a China reduzir "substancialmente" as tarifas. Disse que um acordo reduziria as tarifas sobre os produtos chineses, sugerindo que um acordo final não estará "nem perto" das actuais taxas alfandegárias. Mas acrescentou que "não será zero".
Para além dos ataques de Trump à Fed, o foco dos investidores tem estado nos acordos comerciais entre os Estados Unidos e outros países.
Texto integral em inglês: nL1N3R10E5