Por Hannah Lang e Stefano Rebaudo
22 Abr (Reuters) - O dólar oscilava em torno das menores cotações em vários anos em relação ao euro e ao franco suíço nesta terça-feira, conforme ataques do presidente Donald Trump ao Federal Reserve levantavam preocupações com a independência do banco central dos EUA.
Analistas disseram que o dólar ficou em um estado especialmente frágil em meio às preocupações do mercado com as tarifas do governo dos EUA, que podem desencadear uma guerra comercial global.
As dúvidas sobre a independência do Fed ameaçam o valor do dólar como moeda de reserva, com os analistas observando possíveis desinvestimentos do que muitos consideram uma exposição excessiva a ativos dos EUA.
A moeda dos EUA acelerou as perdas depois que o primeiro-ministro da Tailândia disse que as negociações comerciais com Washington -- programadas para começar na quarta-feira -- seriam adiadas.
Trump intensificou suas críticas ao chefe do Fed, Jerome Powell, na segunda-feira, chamando-o de "grande perdedor" e exigindo que ele reduza as taxas de juros "AGORA" ou arrisque uma desaceleração econômica.
"A demissão de Jerome Powell seria catastrófica para o dólar americano e para a confiança nos mercados de capitais dos EUA em geral", disse Adam Button, analista-chefe de câmbio da ForexLive.
"O mercado espera que a sobriedade prevaleça e que a economia dos EUA possa continuar a crescer."
Na sexta-feira, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse que o presidente e sua equipe continuavam a estudar a possibilidade de demitir Powell, que disse na semana passada que o banco central pode se dar ao luxo de ser paciente na condução da política monetária.
"O pior cenário atual para o dólar é que Powell ceda e faça um corte emergencial na taxa, embora isso continue sendo um evento de baixa probabilidade", disse Francesco Pesole, estrategista do ING.
O Barclays elevou sua previsão para o euro/dólar para US$1,15 com base na avaliação da remoção do presidente do Fed como um evento de baixa probabilidade, mas argumentou que outras revisões poderiam, portanto, ser necessárias em breve, caso a situação se agrave.
Na segunda-feira, a China acusou Washington de abusar das tarifas e advertiu os países contra a realização de um acordo econômico mais amplo com os Estados Unidos às suas custas.
O dólar estava em baixa de 0,03%, a 140,820 ienes JPY=EBS, depois de cair mais cedo abaixo do nível psicológico de 140 pela primeira vez desde meados de setembro.
O dólar subia 0,57%, para 0,8138 franco suíço CHF=, não muito longe da menor cotação em uma década de 0,8042, atingida na sessão anterior.
O euro EUR=EBS caía 0,38%, para US$1,1467, depois de ter saltado para US$1,1573 na segunda-feira, pela primeira vez desde novembro de 2021.
O índice do dólar americano =USD, que mede o dólar em relação a seis outras moedas importantes, tinha alta de 0,256% em 98,599, depois de cair para 97,923 na sessão anterior, um nível não visto desde março de 2022.