Mercado forex está "rapidamente se desdolarizando", diz Deutsche Bank

Investing.com — O sistema financeiro global está entrando em território desconhecido, segundo o Deutsche Bank, que observa uma crise de confiança no dólar americano.

"Estamos testemunhando um colapso simultâneo no preço de todos os ativos americanos, incluindo ações, o dólar versus moedas alternativas de reserva e o mercado de títulos", afirmaram analistas do Deutsche Bank, liderados por George Saravelos.

Em um ambiente de crise típico, o mercado estaria acumulando liquidez em dólar para garantir financiamento para sua base de ativos subjacente dos EUA, provavelmente acionando as linhas de swap do Fed.

As dinâmicas aqui parecem ser muito diferentes, disse o banco.

"O mercado perdeu a fé nos ativos americanos, de modo que, em vez de fechar o descompasso entre ativos e passivos acumulando liquidez em dólar, está ativamente vendendo os próprios ativos dos EUA", afirmou o Deutsche.

A política da administração dos EUA está incentivando uma tendência de desdolarização para proteger investidores internacionais de uma instrumentalização da liquidez do dólar.

"Estamos vendo isso acontecer em tempo real em um ritmo mais rápido do que até mesmo nós teríamos antecipado", disse o banco alemão. "Resta saber quão ordenado esse processo pode permanecer. Um evento de crédito no sistema financeiro global que ameace o fornecimento de liquidez de curto prazo em dólar é o ponto de maior vulnerabilidade que tornaria a dinâmica do dólar mais positiva."

O efeito de primeira ordem da política atual é, obviamente, a geração de um grande choque negativo do lado da oferta que eleva a inflação e dificulta o corte de taxas pelo Fed.

Um objetivo político de reduzir os desequilíbrios comerciais bilaterais é funcionalmente equivalente a reduzir a demanda por ativos dos EUA também. Esta não é uma consideração teórica, disse o banco, os EUA iniciaram esta semana negociações comerciais com Japão e Coreia do Sul, com referência específica aos níveis de moeda como um objetivo de negociação.

"Não se deve ignorar que o Japão é o maior detentor oficial de títulos do Tesouro dos EUA. Um objetivo implícito de negociação para reduzir as avaliações do dólar implica na possibilidade de venda de títulos do Tesouro dos EUA pelo Ministério das Finanças do Japão", afirmou o Deutsche Bank.

No epicentro da escalada dos últimos dias está a guerra comercial com a China - com uma tarifa de mais de 100% sobre a China, há pouco espaço agora para uma escalada na frente comercial.

"A próxima fase corre o risco de ser uma guerra financeira aberta envolvendo a propriedade chinesa de ativos dos EUA, tanto no setor oficial quanto no privado. É importante notar que não pode haver vencedor em tal guerra: ela prejudicará tanto o proprietário (China) quanto o produtor (EUA) desses ativos. O perdedor será a economia global", acrescentou o Deutsche Bank.

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