Investing.com – Após o enfraquecimento do dólar nos últimos dias, estrategistas do Citi acreditam que o pico da valorização da moeda norte-americana já ficou para trás.
A instituição de Wall Street aponta diversos fatores que sustentam essa tese, incluindo a perda de desempenho superior da economia dos EUA, mudanças nos fluxos de ativos e a redução dos diferenciais de juros. No entanto, o Citi argumenta que as tarifas ainda oferecem um suporte relevante para a moeda.
“Acreditamos que as tarifas são provavelmente o único fator ainda sustentando o dólar”, afirmaram estrategistas liderados por Rohit Garg em um relatório.
Curiosamente, os bancos centrais globais têm demonstrado resistência em permitir desvalorizações cambiais como resposta às tarifas, o que surpreendeu analistas.
“Isso pode ocorrer porque os formuladores de políticas na Ásia talvez não queiram que a questão cambial se torne outro ponto de atrito nas negociações com o governo dos EUA”, explicaram os estrategistas.
Os dados econômicos dos EUA têm mostrado um desempenho inferior ao da Ásia, enfraquecendo a força anterior do dólar. O Citi destaca que “o recente aumento expressivo na incerteza da política econômica dos EUA provavelmente reduzirá ainda mais a confiança de consumidores e empresas, resultando em novos sinais de fragilidade nos indicadores econômicos.”
A redução das surpresas positivas nos dados norte-americanos coincidiu com a queda no desempenho dos ativos do país, que antes atraíam fluxos estrangeiros consideráveis, especialmente da Coreia do Sul e de Taiwan.
Outro fator que tradicionalmente impulsionava o dólar, os diferenciais de juros, também sofreu compressão. Diferentemente de 2018, quando a moeda era beneficiada pela ampliação dos spreads, a redução da diferença entre as taxas de juros dos EUA e da Ásia agora representa um risco de reversão para o dólar.
Para os estrategistas, o impacto das tarifas na moeda ainda é incerto, já que o atual cenário econômico apresenta diferenças em relação a episódios anteriores.
Em 2018, a escalada dos preços do petróleo ocorreu ao mesmo tempo que a implementação das tarifas, intensificando o choque comercial para as economias asiáticas importadoras de energia. No momento, a cotação mais baixa do petróleo pode mitigar parte dos efeitos negativos das tarifas, limitando o potencial de valorização do dólar.
Os estrategistas também destacam o papel do iene japonês na dinâmica das moedas asiáticas emergentes. O iene já valorizou 6,5% desde suas mínimas neste ano, e diversas moedas da região, como o won sul-coreano, o baht tailandês e o ringgit malaio, apresentam alta correlação com seus movimentos.