Investing.com – O dólar operava em baixa nesta quinta-feira contra as principais divisas, atingindo o menor nível em quatro meses, em meio à incerteza sobre as tarifas comerciais, enquanto o euro avançava com o anúncio fiscal da Alemanha.
Às 8h25 de Brasília, o Índice Dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis importantes moedas, recuava 0,1%, para 104,180, próximo ao nível mais baixo desde o final de outubro.
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O movimento de queda do dólar ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conceder uma isenção temporária de um mês para montadoras americanas em relação às novas tarifas impostas sobre Canadá e México. Relatos indicam que Trump também avalia excluir produtos agrícolas das tarifas.
A decisão levou investidores a reavaliar os impactos da política comercial do governo, reduzindo temores sobre disrupções econômicas e incentivando maior apetite por ativos de risco, afastando parte do fluxo para o dólar.
“O governo dos EUA concedeu uma isenção dentro do USMCA para o setor automotivo, cujas cadeias produtivas dependem fortemente do comércio entre Canadá e México, sendo um dos segmentos mais vulneráveis às novas tarifas de 25%”, afirmaram analistas do ING em relatório.
“Ambas as moedas [canadense e mexicana] estão operando em alta na semana, enquanto a reavaliação negativa do cenário americano impede o dólar de capitalizar os efeitos das tarifas. O mercado ainda não precifica tarifas prolongadas”, acrescentaram.
Na Europa, o euro subia 0,2% contra o dólar (EUR/USD), para 1,0809, ampliando os ganhos dos últimos quatro meses após o governo alemão anunciar a flexibilização de suas regras fiscais e a criação de um fundo de infraestrutura de 500 bilhões de euros.
“Isso gerou uma mudança profunda nos mercados europeus. A venda de 40 pontos-base nos bunds ontem foi amplamente acompanhada por outros títulos soberanos da UE, com a expectativa de que déficits aumentem, a inflação possa subir e o crescimento seja estimulado”, destacaram analistas do ING.
“As implicações para o euro são expressivas. O EUR/USD está negociado a 1,08 e acumulando um rali superior a 3% nas últimas duas sessões”, acrescentaram, ponderando que ainda não consideram que a moeda tenha atingido seu pico.
O euro caminha para sua melhor semana desde março de 2009, mas a decisão do Banco Central Europeu ainda pode influenciar essa tendência.
O mercado já precifica amplamente um corte de juros de 25 pontos-base, tornando as declarações da presidente Christine Lagarde o principal foco da atenção dos investidores.
“A curva do BCE já foi amplamente ajustada, mas Lagarde ainda pode impulsionar o euro caso adote um tom mais cauteloso sobre cortes futuros”, acrescentou o ING.
A libra esterlina também avançava frente à moeda americana (GBP/USD), cotada a 1,2898, atingindo o nível mais alto desde novembro do ano passado.
Na Ásia, o dólar caía 0,6% ante o iene (USD/JPY), para 148,07, atingindo o menor nível em quase cinco meses, à medida que a demanda por ativos de proteção impulsionava a moeda japonesa em meio ao aumento das tensões comerciais.
Enquanto isso, a moeda americana recuava 0,1% contra o iuane (USD/CNY), para 7,2426, com a divisa chinesa beneficiada pelo anúncio de Pequim sobre planos de aumento dos gastos fiscais neste ano, visando estimular o consumo e fortalecer o crescimento econômico.
No entanto, o governo chinês ainda não detalhou as medidas que pretende adotar, deixando o mercado incerto quanto às perspectivas para a economia do país.