Investing.com – O dólar ampliava sua queda frente às principais divisas nesta quarta-feira, atingindo a mínima em três meses, em meio a preocupações de que a guerra comercial iniciada por Donald Trump possa afetar a maior economia do mundo. Enquanto isso, o euro se valorizava, com expectativas de um grande estímulo fiscal na Europa.
Às 8h30 de Brasília, o Índice Dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,6%, para 105,060, próximo ao nível mais baixo desde o início de dezembro.
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As tarifas comerciais impostas por Trump contra China, Canadá e México entraram em vigor esta semana, gerando retaliações imediatas por parte desses países.
O risco de uma guerra comercial mais ampla se intensificou após o presidente dos EUA sinalizar novas medidas tarifárias durante um discurso ao Congresso na noite passada.
Trump reconheceu que as tarifas podem causar uma “pequena perturbação”, mas a moeda americana tem sido pressionada pela perspectiva de uma desaceleração econômica mais acentuada este ano.
Indicadores recentes apontam que a confiança do consumidor nos EUA caiu para a mínima em 15 meses, elevando temores de enfraquecimento da atividade. O modelo GDPNow do Federal Reserve de Atlanta agora projeta uma contração anualizada de 2,8% no primeiro trimestre, revertendo a estimativa anterior de crescimento de 2,3% na semana passada.
“Na prática, a taxa terminal do ciclo de afrouxamento monetário do Fed foi ajustada para 3,50%, ante 3,75% há apenas quatro semanas”, destacaram analistas do ING em relatório.
Na Europa, o euro avançava 0,6% contra o dólar (EUR/USD), para 1,0684, atingindo a máxima de três meses, devido à possibilidade de um estímulo fiscal amplo na região, após a decisão dos EUA de suspender a ajuda militar à Ucrânia no conflito contra a Rússia.
O euro ganhou força com a notícia de que a Comissão Europeia acionou cláusulas de escape do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o que pode liberar até 650 bilhões de euros em gastos nacionais e outras medidas totalizando 800 bilhões de euros. Além disso, o governo alemão concordou em suspender o limite de endividamento e criar um fundo de infraestrutura de 500 bilhões de euros.
“Críticos apontam que os líderes europeus só reagem em momentos de crise – e, certamente, a possibilidade de os EUA retirarem seu apoio militar da Europa configura uma crise”, acrescentou o ING.
A libra subia 0,4% frente à moeda americana (GBP/USD), para 1,2848, alcançando seu nível mais alto em três meses, beneficiado pela fraqueza do dólar.
Na Ásia, o dólar recuava 0,4% contra o iene (USD/JPY), para 149,22, com o iene japonês ganhando força devido a apostas contínuas no fortalecimento da economia japonesa e novas altas de juros pelo Banco do Japão.
Já o iuane operava em leve alta de 0,1% contra a divisa dos EUA no par USD/CNY, para 7,2579, com o governo chinês se preparando para anunciar estímulos adicionais à economia, especialmente diante dos desafios impostos pela guerra comercial.
A China manteve sua meta de crescimento econômico em 5% para 2025, pelo terceiro ano consecutivo, além de prometer aumento nos gastos fiscais e medidas direcionadas para estimular o consumo privado nos próximos meses.