Por Rae Wee e Amanda Cooper
CINGAPURA/LONDRES, 28 Fev (Reuters) - Investidores preocupados com a perspectiva das tarifas iminentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocavam uma onda de vendas nesta sexta-feira que atingia moedas sensíveis ao risco e faziam com que o bitcoin caísse, impulsionando assim o dólar.
Na quinta-feira, Trump disse que suas tarifas propostas de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses entrará em vigor em 4 de março, juntamente com uma taxa extra de 10% sobre as importações chinesas, indo de encontro às expectativas daqueles que esperavam um novo adiamento nas taxas.
Os investidores reagiram vendendo ativos de risco, como ações e, em particular, criptomoedas. O bitcoin BTC= caía 4,9%, para pouco mais de US$80.000, seu valor mais baixo desde 11 de novembro. O ether ETH= também recuava 8,8%, atingindo a mínima de 13 meses de US$2.077.
As duas estavam caminhando para seu pior desempenho mensal desde junho de 2022, após uma alta vertiginosa no final do ano passado com o otimismo de que o governo Trump seria uma bênção para a classe de ativos.
"A queda do bitcoin para menos de US$80.000 mostra que os sentimentos positivos de um governo favorável às criptomoedas e as recomendação de alto nível se esgotaram", disse Joshua Chu, copresidente da Hong Kong Web3 Association.
"Está claro que o bitcoin é um ativo de risco, e não o hedge de inflação ou o ouro digital que muitas vezes é apresentado como sendo."
O próximo grande evento de risco para os mercados é a divulgação do índice de inflação ao consumidor dos EUA PCE, nesta sexta-feira.
Essa é a medida de inflação preferida do Federal Reserve e, em 2,8%, está bem acima da taxa de meta do banco central.
A última semana trouxe à tona para os investidores o possível impacto das tarifas de Trump sobre o crescimento e a inflação, o que pode tornar o núcleo do PCE uma medida fundamental do grau de enraizamento dessa preocupação, de acordo com a estrategista de mercado do City Index Fiona Cincotta.
O dólar perdeu mais de 1% em relação a uma cesta de moedas em fevereiro =USD, a maior perda desde agosto, à medida que aumentam as preocupações com a saúde da maior economia do mundo.
Moedas mais voláteis e expostas ao risco sofriam pressão nesta sexta-feira, deixando os dólares australiano AUD=D3 e neozelandês NZD=D3 com quedas de 0,3% e 0,5%, respectivamente, enquanto a libra GBP=D3 tinha dificuldades para permanecer em território positivo, a US$1,2599.
O euro EUR=EBS também caminha para uma queda semanal de 0,6%, o que colocaria seu ganho mensal em apenas 0,35%. Trump ameaçou impor tarifas de 25% sobre as exportações de automóveis e outros produtos da União Europeia.
O dólar se recuperava acentuadamente em relação ao iene JPY=EBS nesta sexta-feira, subindo 0,4%, para 150,475.
Ainda assim, a moeda japonesa deve subir 3,5% no mês, seu melhor resultado desde julho do ano passado, com o aumento das apostas de que o Banco do Japão aumentará mais a taxa de juros este ano.
(Reportagem adicional de Rae Wee em Cingapura)
((Tradução Redação São Paulo))
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