
Por Michael S. Derby
19 Dez (Reuters) - O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse à CNBC nesta sexta-feira não ver necessidade iminente de promover outro corte de juros, após a redução da semana passada, acrescentando que os novos dados de inflação estão sendo afetados por distorções.
Williams disse que "não tem um senso de urgência para agir mais na política monetária neste momento, porque acho que os cortes que fizemos nos posicionaram muito bem", disse ele na entrevista à CNBC. Um objetivo-chave da política monetária do Fed no momento é impulsionar o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, ajudar a levar a inflação de volta à meta de 2% e, com esse equilíbrio em mente, Williams disse que, no que diz respeito à política de juros, "acho que estamos em uma posição muito boa".
Williams disse que a retomada da divulgação dos principais dados sobre inflação e emprego após a resolução da recente paralisação de 43 dias do governo não provou ser um divisor de águas, acrescentando que há alguns problemas técnicos no momento que complicam a interpretação dos novos números.
No caso da divulgação na quinta-feira do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro, Williams disse que o relatório "representa uma continuação do processo desinflacionário que temos visto."
Ele acrescentou, entretanto, que fatores especiais e problemas técnicos com o relatório devido à coleta incompleta de dados sugerem que "os dados foram distorcidos em algumas das categorias, e isso empurrou para baixo a leitura do CPI provavelmente em um décimo (de um ponto percentual) ou mais" em sua leitura.
O CPI aumentou 2,7% em uma base anual em novembro, depois de avançar 3,0% nos 12 meses até setembro.
Com relação às contratações, Williams também viu algumas complicações relacionadas aos dados. "Estamos vendo ganhos constantes de emprego... especialmente no setor privado", disse ele, acrescentando que "como eles não conseguiram coletar os dados em outubro, isso provavelmente aumentou a taxa de desemprego em novembro, talvez em um décimo (de um ponto percentual)", mas mesmo assim, os resultados não foram uma grande surpresa.
REUNIÃO DE JANEIRO DO FED
O Fed reduziu sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75%, procurando equilibrar o apoio a um mercado de trabalho enfraquecido com esforços para trazer os níveis ainda altos de inflação de volta à meta de 2%.
Os mercados estão debatendo se o banco central dos EUA será capaz de realizar outro corte na taxa de juros em sua reunião no final de janeiro, mas as autoridades ainda não forneceram muita orientação nesse sentido. Os comentários de Williams na sexta-feira reiteraram sua opinião de que ele precisa ver mais dados antes de se sentir confortável com o Fed cortando as taxas novamente e que outro corte em janeiro pode ser uma decisão difícil.
Williams observou que "ainda estamos levemente restritivos em termos da postura da política monetária. Ainda temos algum espaço a percorrer, em última análise, para voltar à neutralidade." Ele também disse: "Vejo que as taxas acabarão caindo mais, porque, à medida que a inflação for chegando a 2%, precisaremos ter uma taxa de juros que seja consistente com isso."
Ele acrescentou que a iniciativa do Fed de reiniciar a compra de ativos para recompor o tamanho de seu balanço patrimonial não é uma forma de estímulo conhecida como flexibilização quantitativa, ou QE, e é de natureza técnica.
"Obviamente, não estamos fazendo QE, do meu ponto de vista, não estamos tentando mudar o prêmio de prazo de 10 anos ou algo parecido", disse Williams sobre a grande quantidade de títulos do Treasury que o Fed começou a comprar. As compras são projetadas para "fornecer reservas ao sistema bancário para atender à demanda que os bancos em nosso país e que operam aqui precisam para realizar seus negócios".
(Reportagem de Michael S. Derby)
((Tradução Redação São Paulo))
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