tradingkey.logo

FMI pede que China faça a "escolha corajosa" de reduzir exportações e aumentar o consumo

Reuters10 de dez de 2025 às 12:34

Por Joe Cash

- O Fundo Monetário Internacional instou a China nesta quarta-feira a fazer a "escolha corajosa" de acelerar uma reforma estrutural, à medida que cresce a pressão sobre a segunda maior economia do mundo para que mude para um modelo baseado no consumo e reduza a dependência de exportações impulsionadas pela dívida.

"A China é simplesmente grande demais para gerar muito (mais) crescimento a partir das exportações, e continuar a depender do crescimento impulsionado pelas exportações pode aumentar as tensões comerciais globais", disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em uma coletiva de imprensa que concluiu a análise regular do Fundo sobre a economia de US$19 trilhões.

"Isso requer escolhas corajosas e ações políticas determinadas", acrescentou Georgieva, ao mesmo tempo em que pressionou os formuladores de políticas chineses a adotarem um pacote abrangente de políticas macroeconômicas, incluindo estímulo fiscal adicional e maior flexibilização monetária, juntamente com medidas específicas para controlar a dívida do governo local, resolver uma crise imobiliária prolongada e melhorar a provisão de bem-estar social.

CUSTO DE ACABAR COM A CRISE IMOBILIÁRIA

O aumento dos gastos sociais e a aceleração da reforma do sistema de passaportes internos da China, o "Hukou", que em grande medida tem atrelado o destino das pessoas ao seu local de origem desde a década de 1950, poderiam impulsionar o consumo em até 3 pontos percentuais do PIB, acrescentou ela.

Enquanto isso, para pôr fim à crise imobiliária dentro dos próximos três anos -- que pesa muito sobre a demanda doméstica, já que cerca de 70% da riqueza das famílias chinesas está no setor imobiliário -- será necessário que a China gaste 5% do PIB, segundo as previsões do FMI.

"Temos pedido mais atenção para encerrar esse problema. Nós as chamamos de 'empresas zumbis'. Deixem os zumbis irem embora", disse Georgieva, incentivando as autoridades a acelerarem a saída do mercado de incorporadoras imobiliárias inviáveis.

Pequim observa atentamente a revisão do "Artigo IV" do FMI para aprovação ou crítica de sua gestão econômica, com seu endosso servindo como um contraponto valioso em meio às crescentes tensões com os principais parceiros comerciais.

TENSÕES COMERCIAIS

Georgieva disse que não é do interesse da China provocar seus parceiros comerciais para que imponham restrições às importações chinesas devido ao temor de que uma enxurrada de produtos baratos possa devastar seus setores de produção.

O FMI atualizou sua previsão de crescimento da China para 2025 para 5%, de 4,8%, citando fortes embarques de exportações, elevando também sua previsão para 2026 para 4,5%, de 4,2%.

As exportações líquidas constituíram 1,1% do crescimento de 5% da China para este ano, disse o chefe do FMI, acrescentando que a economia chinesa está em vias de contribuir com 30% do crescimento global.

A China registrou um superávit comercial recorde de US$ 1 trilhão pela primeira vez, segundo dados comerciais de novembro, provocando críticas de que sua economia em desaceleração está sendo sustentada pelo domínio de uma parcela cada vez maior da cadeia de valor industrial global e inundando os mercados emergentes com produtos baratos desviados dos EUA devido às tarifas do presidente Donald Trump, que negam aos seus setores de manufatura a chance de se desenvolverem.

Economistas também acusam Pequim de se beneficiar por muito tempo de um renminbi subvalorizado.

"Não recomendamos nenhuma ação explícita para valorizar o renminbi", disse Georgieva. "Gostaríamos de ver a China com uma taxa de câmbio que seja flexível em ambos os sentidos, para cima e para baixo."

Aviso legal: as informações fornecidas neste site são apenas para fins educacionais e informativos e não devem ser consideradas consultoria financeira ou de investimento.
Tradingkey

Artigos relacionados

KeyAI